Na última semana o caso de Carolina Arruda, 27 anos, ganhou atenção nacional. A veterinária sofre de neuralgia do trigêmeo, uma condição crônica conhecida por causar o que a medicina entende como “a pior dor do mundo”. Depois de tentar diversos tratamentos e cirurgias, Carolina decidiu morrer.
Como o Brasil não permite a eutanásia, ela abriu uma vaquinha para realizar o procedimento na Suíça. A meta, de conseguir R$ 150 mil, está perto de ser alcançada: Carolina já recebeu R$ 134 mil.
Com a repercussão do caso, uma clínica em Minas Gerais ofereceu à jovem um novo tratamento que não terá nenhum custo. O médico responsável é o diretor clínico da unidade hospitalar no Sul de Minas e presidente da Sociedade Brasileira para os Estudos da Dor (SBED), Carlos Marcelo de Barros. Os médicos envolvidos no tratamento não cobrarão honorários.
Foi estabelecido um plano: primeiro implantar neuroestimuladores na medula espinhal e no Gânglio de Gasser (origem facial do nervo trigêmeo).
Se não proporcionar alívio suficiente da dor, outra opção será o implante de bomba de infusão intratecal de fármacos, um dispositivo implantado no abdome que, através de um cateter colocado diretamente no sistema nervoso central, leva medicamentos analgésicos diretamente no alvo terapêutico.
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Se, mesmo com as terapias implantáveis, não houver alívio satisfatório, outra opção será uma nova cirurgia de descompressão vascular do nervo trigêmeo.
Ainda existe mais uma alternativa, caso nada disso funcione: um procedimento neurocirúrgico de nucleotractomia trigeminal, que tem como objetivo interromper cirurgicamente a transmissão sensitiva do nervo trigêmeo.
Sem dor
Carolina ficou esperançosa com a oferta e deu início ao tratamento. Ela passou cinco dias na UTI e veio a boa notícia: pela primeira vez em uma década Carolina estava sem dor.
“É uma sensação inédita”, disse a jovem. “Senti uma faísca de esperança.
O médico responsável explicou que ainda é cedo para comemorar e que o tratamento pode levar meses. Esta fase inicial tem como objetivo tirar o sofrimento agudo.
Dinheiro de volta
O que deveria ser comemorado como uma boa notícia gerou uma reação, no mínimo, cruel. Diante da possibilidade de Carolina desistir da eutanásia, pessoas que contribuíram com a vaquinha estão pedindo o dinheiro de volta.
A veterinária afirmou que a eutanásia ainda não deixou de ser uma opção.
“Eu demorei muito anos para cogitá-la, maturar na minha cabeça e conseguir falar sobre isso. Esquecer essa ideia depois de tanto tempo é difícil. Pelo tanto de luta que eu passei, eu não sei se tenho vontade de viver ou o que é fazer isso”.
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