Com as atenções voltadas para as taxas de juros, é fundamental considerar as implicações no mercado, seja em caso de aumento ou redução das taxas.
O especialista Roger Correa, CEO e fundador da RC Corretora de Seguros e Planejamento Patrimonial, fez uma análise completa sobre as mudanças e seus impactos.
Esta semana, o Banco Central Brasileiro está avaliando a possibilidade de reduzir a taxa Selic em até 1%.
Essa medida tem o potencial de afetar diversos setores da economia, com impactos diretos na vida dos brasileiros.
Uma das áreas que mais se beneficia com a redução das taxas de juros é o setor de consumo.
Isso ocorre porque juros mais baixos tornam o crédito mais acessível, incentivando o consumo e, consequentemente, aquecendo o mercado.
Além disso, empresas são encorajadas a buscar empréstimos para expandir suas operações, impulsionando a produção e potencialmente criando empregos.
No entanto, as mudanças na taxa de juros têm implicações complexas.
Segundo Roger Correa, a diminuição das taxas de juros pode levar à desvalorização da moeda nacional, tornando as exportações brasileiras mais competitivas.
Por exemplo, se um produto brasileiro custa R$100,00 com o dólar a R$5,00, esse produto custará para o mercado internacional $20,00 dólares.
Se o real se desvaloriza e o dólar sobe para R$6,00, esse mesmo produto custará para o comprador estrangeiro $16,67, tornando-se mais barato e competitivo.
Por outro lado, a desvalorização da moeda pode impactar negativamente empresas que possuem dívidas em moeda estrangeira, aumentando o custo de serviço dessa dívida em dólar.
A possível redução das taxas de juros no Brasil, que é aguardada com expectativa, também pode afetar os brasileiros que investem em instrumentos de renda fixa, como a Poupança, reduzindo os rendimentos desses investimentos.
Além disso, a redução das taxas de juros pode resultar em inflação elevada, caso a produção não acompanhe o aumento da demanda, levando ao aumento dos preços.
“É importante ressaltar que a desvalorização da moeda, nesse caso, o Real, também pode ter efeitos adversos, pois muitas empresas brasileiras possuem dívidas em dólar.
Uma desvalorização da moeda pode aumentar significativamente o custo de serviço dessa dívida em dólar”, diz Correa, que também é sócio e gerente de patrimônio da Alpha Omega Wealth Partners.
Nos Estados Unidos, a situação é oposta. O país tem enfrentado pressão inflacionária, levando o governo a aumentar as taxas de juros para conter esse fenômeno pós-pandêmico.
O impacto desse aumento já é evidente, com desaceleração do mercado imobiliário em algumas regiões do país devido ao encarecimento dos financiamentos.
Menos de dois anos atrás, as taxas de financiamento imobiliário eram de cerca de 3% a 3,5% ao ano, e agora já ultrapassam os 7%/7,5%.
Como os preços dos imóveis também dispararam durante a pandemia, o mercado agora possui imóveis supervalorizados, tornando difícil para muitos se qualificarem para financiamentos uma vez que os aumentos salariais não acompanharam a valorização dos imóveis.
Porém, o aumento das taxas de juros pode atrair investidores globais em busca de melhores rendimentos, resultando em um influxo de capital para os EUA e na valorização do dólar em relação a outras moedas.
Especialista recomenda o uso do dólar para buscar estabilidade
Dolarizar parte do patrimônio é uma estratégia que Roger Correa recomenda, destacando a estabilidade e a importância do dólar no cenário internacional.
O dólar americano é a principal moeda de reserva global e representa cerca de 60% de todas as reservas cambiais conhecidas dos bancos centrais do mundo, de acordo com o FMI.
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Além disso, o dólar é amplamente utilizado como moeda de referência em transações financeiras internacionais, incluindo a mensuração de dívidas públicas internacionais.
Reconhecido por sua estabilidade e ampla aceitação em todo o mundo, o dólar tornando a escolha preferencial para investidores e governos.
“A ONU reconhece 185 moedas utilizadas em 195 países, as moedas locais são, na maioria das vezes, utilizadas em seus respectivos países.
Mas, sem exceção, nenhuma delas teve sucesso ao longo prazo para substituir ou até mesmo rivalizar com o dólar como moeda de reserva mundial,” comenta Correa.
O Brasil possui a 7ª maior reserva cambial do mundo em dólar, destacando a relevância da moeda na economia global.
Em períodos de crise financeira global, o dólar é frequentemente buscado como um refúgio seguro, o que aumenta sua demanda e valor.
Correa ressalta que, ao longo das últimas décadas, o dólar valorizou significativamente em relação ao Real brasileiro, exemplificando com a taxa de câmbio de R$ 1,74 em janeiro de 2010 e a recente cotação de aproximadamente R$ 5,00.
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