Reuniões internas entre professores demonstram sensatez ao invés de proibirem o uso da inteligência artificial pelos alunos
Criado pela empresa internacional OpenAI, o ChatGPT é uma ferramenta que usa aprendizado em inteligência artificial (o famoso machine learning) para produzir textos, responder questionários e até mesmo conversar com os usuários. O recurso vem sendo proibido no exterior pelo uso excessivo pelos alunos de escolas e universidades na produção de trabalhos.
As universidades internacionais brigam que a ferramenta “atrofia” o pensamento crítico e a produção textual dos alunos. Já as universidades brasileiras demonstram intenção de abraçar o ChatGPT e seus pontos positivos no ensino.
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Professores da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Insper, Universidade Presbiteriana Mackenzie e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) estão passando por longas reuniões internas para conhecerem e adaptarem a tecnologia aos conteúdos. Tiago Tavares, doutor em Engenharia Elétrica e professor no Insper, comentou:
“Já temos marcada uma mesa redonda que será agora no dia 8 de fevereiro, sobre o ChatGPT e suas possibilidades. Alguns professores já estão inserindo o ChatGPT em seus planos de aula, e tudo está sendo feito de forma experimental, porque não temos como saber de fato quais são os impactos dele nas experiências de ensino-aprendizagem”
Tavares repassou questões do último ENEM à ferramenta, como um dos vários testes da inteligência artificial. O professor se impressionou positivamente com a taxa de acertos do ChatGPT:
“Achei impressionante o desempenho do sistema nas provas de ciências humanas e de linguagens. Acho que isso aconteceu porque muitas vezes a resposta está no próprio enunciado ou é uma paráfrase dele.
Não acho que isso seja um demérito do ENEM, porque a prova é feita para avaliar pessoas. Quando falamos do raciocínio humano, fazer uma paráfrase significa entender o que foi lido, construir um modelo mental para aquilo, e então usar palavras para descrever a mesma coisa. No processo matemático do ChatGPT, a resposta é encontrada verificando quais palavras mais provavelmente fazem parte do mesmo conjunto das palavras no enunciado, o que é muito diferente” – afirma Tiago Tavares.
Rodrigo Cardoso, professor de Computação e Informática da Mackenzie, avaliou que o diferencial da inteligência artificial é o fato dela conseguir responder dentro do contexto pedido nas perguntas:
“Dentro do modelo que ele traz de texto, o ChatGPT vai tentar contextualizar de maneira mais rebruscada ao usuário. Treinado em bilhões de parâmetros, ele é capaz de entender características textuais e abstrair assuntos numa quase infinidade de ocasiões”
Apesar de parecer perfeita, a tecnologia possui um estoque de informações que data até 2021, segundo a própria criadora OpenAI. Junto a isso, eles alertam para respostas possivelmente ofensivas e preconceituosas por parte do ChatGPT. A ferramenta não acessa a internet e não possui filtros de assuntos delicados.
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