A vítima teve um prejuízo de mais de R$ 2,500
Um morador de Brusque, que ao tentar pagar as compras de supermercado, foi surpreendido pelo completo esgotamento de sua conta bancária, será indenizado por danos materiais e morais pela pessoa que recebeu os valores via Pix. A decisão é do Juizado Especial Cível e Criminal da comarca de Brusque.
A princípio, consta nos autos que, ao tentar efetuar o pagamento de suas compras em um supermercado, o cliente foi avisado pelo caixa do estabelecimento que a transação não havia ocorrido. Porém, ele tentou mais uma vez e o resultado foi o mesmo. Desconfiado, consultou o extrato de sua conta e percebeu o envio de diversas quantias. Que totalizaram R$ 2.531, ao réu, através de Pix sem o seu consentimento. Assim, o homem entrou com um processo contra a pessoa que recebeu os valores que estavam depositados em sua conta e contra. E contra a cooperativa de crédito.
De acordo com o juiz Frederico Andrade Siegel, verificou-se que a cooperativa não teve responsabilidade neste caso, pois a transferência ocorreu mediante uso de senha, sem indicativos de falha no sistema de segurança da instituição financeira. Já o ato ilícito praticado pela pessoa que recebeu a transferência consistiu no recebimento de quantia à míngua de qualquer contraprestação, seja através de serviço, venda de produto ou qualquer outro negócio jurídico. Segundo o juiz, vislumbra-se, na essência, enriquecimento sem causa (artigo 884 do Código Civil).
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“O simples recebimento indevido de quantia, independente de culpa (sentido amplo), atrai o dever de ressarcir o prejudicado. Uma vez que o beneficiário enriquece ilicitamente às custas do lesado. Desta forma, vincular a devolução do montante à caracterização de dolo ou culpa pode eventualmente impedir o retorno do autor ao status quo ante, em verdadeira subversão da lógica da responsabilidade civil, cujo foco é a tutela sobre os danos experimentados pela vítima”, explica.
A decisão sobre o Pix errado
Poirem, sobre a indenização de danos morais, o magistrado destacou que não houve comprovação que os direitos da personalidade do autor foram feridos. Uma vez que a transferência indevida de toda a quantia depositada em sua conta bancária a um terceiro, sem qualquer justificativa. Isso resultou na “negativação” do seu saldo, tirando-lhe a oportunidade de pagar os alimentos do supermercado, imprescindíveis ao seu sustento pessoal. Além de quitar as demais contas do cotidiano.
Contudo, o homem que recebeu os valores indevidos pagará indenização de R$ 2.531. Além de custas por danos materiais, e de R$ 3,5 mil por danos morais ao autor, com correção monetária e juros. Por fim, a decisão de primeiro grau, prolatada neste mês, é passível de recurso.
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