A cobertura da rede de esgoto em Blumenau deve crescer 6% em 2019. A expectativa é da BRK Ambiental, concessionária do serviço na cidade. Se a meta for alcançada, o município vai fechar o ano com 49% do sistema instalado. Isso significa mais de 157 mil pessoas beneficiadas com saneamento básico. Atualmente, o percentual é de 43%.
Em 2018, a meta era alcançar 44%, mas houve um atraso em obras executadas pelo Samae, o que impediu a cidade de atingir o objetivo dentro do prazo estipulado, aponta o diretor de operações da BRK, Edi Bortoli. O presidente do Samae, Cleverton Batista, diz que o atraso não se deu exclusivamente por problemas da autarquia, responsável por executar 1,8% da meta projetada para 2019. Ele acredita que com esse índice seja possível inclusive ultrapassar a projeção até o fim do ano.
Segundo Bortoli, a expectativa é de que esse índice de 1% seja alcançado até o fim de fevereiro. O maior volume de obras em 2019 está previsto para a região do bairro Velha, onde devem ser implantados 23 quilômetros de rede, além de três estações elevatórias situadas nas ruas Butantã, José João Pereira e Imperatriz Leopoldina.
Elas farão o bombeamento do esgoto para o ponto de tratamento. O investimento até dezembro é estimado em R$ 24 milhões. Atualmente, cerca de 45 milhões de litros de esgoto são produzidos por dia na cidade. Desses, 19,3 milhões já passam por tratamento e deixam de poluir os rios e ribeirões.
Um levantamento feito pela BRK Ambiental em metade das ruas contempladas aponta que 90% dos imóveis estão interligados à rede e 72% desses corretamente, sem nenhum problema. Os números são comemorados por Bortoli.
Quando a empresa chegou ao município, em 2010, apenas 4,8% da população tinha esgoto tratado. A previsão de universalização, quando chegará ao patamar considerado ideal, é 2027. O contrato de concessão, porém, segue até 2055.
– O contrato (entre Samae e BRK Ambiental) prevê anualmente os bairros que devem ser atendidos – explica o diretor sobre o motivo de o serviço passar por uma região primeiramente ou invés de outra.
Um exemplo é o bairro Fidélis. Conforme o Santa mostrou em reportagem no ano passado, moradores da região lutam há anos para conseguir que a rede de esgoto chegue à região e dê fim aos transtornos causados pelo esgoto que corre a céu aberto atrás de algumas casas. No bairro, as obras de saneamento básico serão executadas em duas etapas. A primeira em 2024 e a segunda em 2027. Lá, por uma questão contratual, o serviço será feito pelo próprio Samae.
– É como se fosse um quebra-cabeça. Como Blumenau já tinha aquela região no Garcia, você vai juntando novos bairros à área já implementada. Se fosse implantar uma rede em um bairro na região das Itoupavas, que não tem nada, todo sistema que lá estivesse teria de ser bombeado com estação elevatória até a região mais central, onde tem rede de esgoto, para poder tratar. E tem outra questão que é começar pelo Centro por ter maior adensamento, abranger um número maior de pessoas. É uma questão técnica porque é um investimento que ajuda você a ter receita para viabilizar outros – comenta Bortoli, ao explicar como se dá a definição das áreas contempladas.
Em outras situações, aponta o diretor, é possível remanejar o cronograma da empresa. Ele exemplifica com as obras da Rua Humberto de Campos, onde foi viabilizada a implantação da rede antes da obra de prolongamento. Na Rua Bahia, porém, ele diz ter ficado inviável executar as obras de saneamento antes dos trabalhos de revitalização da via.
Os impactos da implantação da rede
Atualmente, o valor cobrado para cada 10 metros cúbicos de esgoto é de R$ 34,40. Essa é a tarifa mínima e cresce o conforme o consumo de água. No site da empresa há uma tabela com os valores progressivos para cada metro cúbico além da taxa mínima. Por outro lado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que para cada R$ 1 investido em saneamento básico R$ 4 são economizados na saúde pública.
Os benefícios, porém, vão além de dinheiro. Bortoli aponta estudos que indicam o impacto na educação e na economia de cidades com o tratamento de esgoto avançado. Conforme o Instituto Trata Brasil, Blumenau ocupa a 60ª posição no Ranking do Saneamento Básico das 100 maiores cidades do país. Em 2017, a cidade estava no 65ª lugar.
Uma parceria entre a BRK e o Senai tem permitido o monitoramento de 22 pontos dos afluentes do Rio Itajaí-Açu. São avaliados nove parâmetros, que juntos formam o Índice de Qualidade da Água (IQA), que vai de 0 a 100. A concessionária do serviço garante que desde quando as análises começaram houve uma melhora na qualidade dos rios de 95%.
No entendimento da empresa, ao despoluir os afluentes a qualidade do rio melhora. O resultado do monitoramento pode ser conferido em www.sc.senai.br/hidrodata. Em consulta feita pela reportagem ontem, às 20h, 11 pontos apresentavam condições aceitáveis, seis ruins, quatro boas e uma péssima. Dos 22 pontos, a situação mais crítica é a do Córrego Ponte São Bento, no Vorstadt, com IQA de 18.
Curso gratuito de capacitação de encanadores
Desde 2014 a empresa responsável pela implantação e tratamento do esgoto oferece um curso para a comunidade sobre como ocorre a ligação da rede. A ideia é que pessoas não ligadas ao serviço compreendam se o trabalho está sendo feito corretamente, se o material utilizado é o mais indicado e também para conhecer a legislação que trata de saneamento básico.
A capacitação é gratuita e ocorre normalmente à noite durante a semana e pela manhã aos sábados. Não é emitido certificado. A divulgação é feita normalmente nas regiões onde a rede está sendo implantada e cada vez que fecha uma turma com 20 pessoas as aulas começam. Até 2018, aproximadamente 400 pessoas já passaram pelo curso. Para informações sobre inscrição basta ligar 0800-771-0001.
Fonte: nsc/Por Talita Catie | Foto capa: Patrick Rodrigues
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