Entre a rotina de atendimentos feitos diariamente pela central de atendimento do Corpo de Bombeiros, uma ligação, normalmente de um telefone público, solicita o serviço da corporação. Depois de informações sem nexo que podem confundir os socorristas ou mesmo umas breves risadas de crianças, o telefone é desligado.
Enquanto isso, em outro ponto da cidade, alguém que era vítima de um acidente ou passava por uma situação que exige socorro rápido da corporação pode não ter conseguido a ligação no tempo necessário, o que às vezes pode ser decisivo em uma definição de vida ou morte.
Esse é o principal problema que envolve os trotes recebidos pela central de atendimento dos bombeiros, segundo os próprios membros da corporação. E engana-se quem pensa que em tempos de redes sociais e era da informação o problema é menos comum. Em 2018, o Corpo de Bombeiros de Blumenau recebeu 3,6 mil ligações classificadas pela corporação como trotes.
O número é levemente superior aos 3,3 mil registrados em todo o ano passado. Percentualmente, corresponde a 8% do total de ligações recebidas pelos bombeiros, que ao fim de 2018 foi de 45,9 mil.
Embora a proporção de trotes em comparação ao total de atendimentos seja menor do que o registrado em 2016 e 2017, a incidência ainda atrapalha o dia a dia da corporação e significa pouco mais de uma a cada 12 ligações recebidas pelos socorristas no último ano. Se dividido pelo número de dias, o número corresponde a 10 trotes por dia.
Segundo o tenente Rodolfo Silveira Rodrigues, a maioria dos trotes recebidos parte de crianças, que usam telefones públicos. Ele explica que o principal transtorno é direcionar uma linha e um atendente que poderiam estar disponíveis para um caso urgente a fim de atender um trote.
Na maioria dos casos, os atendentes já pedem informações exatas da suposta ocorrência e, durante a ligação conseguem identificar quando se trata de um comunicado falso. No entanto, em casos mais específicos, até mesmo viaturas podem ser empenhadas para ocorrências que, na verdade, não existem.
– Há todo um desgaste de estar gerenciando ocorrências, às vezes você está com uma equipe em um local precisando de apoio e acaba tendo que direcionar esforços para atender esse chamado, que não é verdadeiro – pondera Rodrigues.
Trotes podem ser punidos com termo circunstanciado
Os trotes a instituições de segurança pode causar um termo circunstanciado caso o responsável seja identificado, mas não há registro de caso recente segundo relatado pelos bombeiros e a Polícia Civil. Além dos bombeiros, a Polícia Militar também sofre com as falsas comunicações de ocorrências.
Um projeto de lei em tramitação no Congresso Nacional tenta criar punições como multas, suspensão e cancelamento de serviço telefônico para quem cometer trotes contra serviços públicos. A proposta, no entanto, segue parada nas comissões.
Para resolver de vez o problema, o tenente Rodrigues explica que a saída é mesmo a conscientização de todos.
– É importante que as pessoas tenham em mente que esse tipo de atitude pode atrasar ou atrapalhar um atendimento de um caso de emergência. Quem já precisou sabe a importância desse atendimento ser feito com a maior rapidez possível – alerta Rodrigues.
Fonte: nsc/Por Jean Laurindo | Foto: Leo Laps
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