Os episódios marcantes que Blumenau já vivenciou por causa das chuvas deixam evidente a preocupação de quem vive na cidade quando o céu é tomado por nuvens escuras, a exemplo do que aconteceu no último dia 17, quando choveu cerca de 100 milímetros em apenas duas horas, em especial na região Norte, conforme dados do AlertaBlu. Naquela ocasião, o cenário de um dia típico de verão, com muito calor e chuvas no fim do dia, trouxe reflexos imediatos e questionamentos sobre o funcionamento do sistema de prevenção de cheias instalado no município.
Os diques e galerias são as principais apostas da prefeitura na prevenção de alagamentos. Ao todo, são cinco diques, três deles estrategicamente posicionados nos bairros Fortaleza e Itoupava Norte. Os outros dois estão instalados nos bairros Vila Nova e Vorstadt. Os equipamentos têm funções distintas. Segundo a Defesa Civil, o dique da Rua Antônio Treis, no Vostardt, é para atuar na prevenção de enchentes. Os demais servem para conter enxurradas.
Naquele dia, alguns destes componentes não funcionaram como deveriam e, por conta disso, alagamentos e estragos foram contabilizados pelos moradores dessas regiões. Como foi o caso do dique da Vila Nova, localizado na Rua Augusto Daniel Persuhn. Lá, durante a chuva faltou energia elétrica e uma das bombas apresentou problemas. O local não é equipado com geradores, o que impediu a operação.
A bomba que apresentou defeito foi trocada ao longo da última semana, para que em outras chuvas o equipamento funcione como previsto. De acordo com a prefeitura, na manutenção foram investidos R$ 140 mil. Apesar disso, a administração municipal reconhece que são necessários mais recursos, principalmente para a implantação de geradores de energia, já que sem eles as estruturas anicheias não funcionam.
No caso do dique da Rua Santa Efigênia, no bairro Itoupava Norte, a unidade funcionou como deveria, mesmo sem energia no bairro, já que possui gerador. O problema é que no dia seguinte, o local sofreu o furto dos cabos que alimentam as bombas, deixando-as inoperantes. Os cabos foram repostos esta semana pelo município. Os moradores próximos ao dique reclamam do mau cheiro e dos constantes problemas de alagamentos. Apesar de funcionar, uma das galerias está obstruída, o que reduz a capacidade de represamento de água. É justamente isso que causa os alagamentos.
– Já fizemos diversas manifestações, está faltando uma limpeza e roçada aqui. Porque além dos alagamentos, a gente sofre com o fedor e com a proliferação de insetos. Estamos cansados e queremos o problema resolvido o quanto antes. Nos dias seguintes à enxurrada da semana passada, o prefeito e o secretário da Defesa Civil estiveram aqui, nós acompanhamos a visita e reclamamos do problema. Eles disseram que estão tomando providências e esperamos uma resposta – afirma Tânia Mendonça, que mora na rua há 16 anos.
O secretário municipal da Defesa do Cidadão, Carlos Olímpio Menestrina, confirma as visitas ao local e antecipa que nas próximas semanas equipes da Secretaria Municipal de Manutenção e Conservação Urbana e também da própria Defesa do Cidadão farão uma inspeção para localizar a obstrução da galeria. Menestrina acredita que se não for possível desobstruir a galeria, será necessária a construção de uma nova para atender a demanda da unidade, o que levaria mais tempo para a solução.
Município busca no governo federal financiamento para fazer melhorias
No dique da Fortaleza uma das bombas apresentou problemas e também precisou ser substituída. O projeto prevê espaço para sete máquinas, mas a unidade foi inaugurada com duas e opera assim até o momento. O município avalia a possibilidade da implantação de mais uma ou duas bombas para ampliar a capacidade. Mesmo sendo o mais recente de todos os diques, o local também não possui um sistema de geração de energia, o que deixa o funcionamento à mercê do abastecimento elétrico do bairro.
Segundo o secretário municipal da Defesa do Cidadão, Carlos Olímpio Menestrina, os diques da Rua 2 de Setembro – que fica aos fundos da Elétrica Corrêa –, e o da Rua Antônio Treis estão funcionando normalmente, mas precisam de manutenções preventivas e pequenos reparos pontuais nas construções que abrigam as estruturas. Ele reconhece que todo o sistema anticheias requer reparos e trata como prioridade das ações da pasta.
– O sistema como um todo é a “menina dos olhos” do nosso trabalho. É um patrimônio da cidade e dos blumenauenses. Precisamos dar sempre prioridade para os diques, realizando manutenções e garantindo o funcionamento, afinal são eles que ajudam a proteger os bens e a vida dos nossos moradores – pontua.
A maior necessidade de investimento é a implantação de geradores nos diques que são desprovidos do equipamento. A necessidade ficou mais evidente quando a forte chuva caiu no último dia 17, e o fornecimento de energia foi afetado. Na última semana, o prefeito Mário Hildebrandt (PSB) esteve em Florianópolis para uma agenda com o governador Carlos Moisés (PSL) e aproveitou para pedir auxílio de recursos para a colocação dos equipamentos. O governador teria afirmado não ter os recursos à disposição.
– O caminho que a gente tem é Brasília para conseguir os recursos e atender a comunidade. São investimentos importantes, porém, altos e a nossa realidade financeira não permite fazer por conta própria. Para se ter uma ideia, foram investidos quase R$ 4 milhões apenas para a restauração dos locais atingidos – diz o prefeito.
Hildebrandt não soube informar o valor estimado para a compra dos geradores e disse que esse levantamento está sendo feito. Outra preocupação é o assoreamento dos ribeirões. Na última quinta-feira, uma reunião da administração municipal elaborou um cronograma de atividades para manutenção dos rios e ribeirões. As datas ainda não estão definidas.
Fonte: nsc/Por Nathan Neumann | Foto: Patrick Rodrigues
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