Desde 1995, o país registrou R$ 547 bilhões em prejuízos por desastres
O Brasil registrou um aumento de 250% nos desastres climáticos entre 2020 e 2023 em comparação com a década de 1990, segundo estudo da Aliança Brasileira pela Cultura Oceânica, liderado pela Unifesp, MCTI, Unesco e Fundação Grupo Boticário.
O levantamento revela que 92% dos municípios enfrentaram impactos causados por eventos extremos como secas, inundações e tempestades, refletindo os efeitos do aquecimento global.
Com base em dados do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID) e da plataforma Climate Reanalyzer, os pesquisadores identificaram que cada aumento de 0,1°C na temperatura global resulta em 360 desastres climáticos no Brasil, enquanto o mesmo acréscimo na temperatura oceânica gera 584 eventos extremos.
Entre 1991 e 2023, o país acumulou 64.280 desastres, sendo 16.306 registrados apenas nos últimos quatro anos.
O estudo alerta para o impacto crescente das mudanças climáticas. Desde 1995, as perdas econômicas somaram R$ 547,2 bilhões, com R$ 188,7 bilhões registrados entre 2020 e 2023, o equivalente a 80% do total da década anterior.
Os especialistas destacam o papel do aquecimento dos oceanos, que já subiu cerca de 0,6°C nos últimos 40 anos. Esse fenômeno intensifica eventos como furacões e secas.
Desde março de 2023, as temperaturas oceânicas subiram entre 0,3°C e 0,5°C, agravando episódios como inundações no Sul e secas no Centro-Oeste.
Projeções do IPCC apontam que, no cenário mais otimista, o Brasil poderá registrar até 128.604 desastres climáticos até 2050, com impactos econômicos de R$ 1,61 trilhão.
No pior cenário, com o aquecimento global acima de 4°C, os desastres podem chegar a 600 mil ocorrências até o fim do século, gerando prejuízos de R$ 8,2 trilhões.
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A pesquisa também ressalta soluções para mitigar os efeitos climáticos, como a recuperação de manguezais e dunas, que ajudam a aumentar a resiliência das comunidades costeiras e reduzir impactos de eventos extremos.
Segundo Janaína Bumbeer, da Fundação Grupo Boticário, ações imediatas são essenciais para limitar os danos e construir um futuro mais sustentável.
O professor Ronaldo Christofoletti, da Unifesp, reforça que a crise climática exige mudanças de comportamento e decisões urgentes para reduzir os impactos no país.
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