No Complexo Agroindustrial de Brasiléia, no coração do Acre, o calor extremo começou a afetar o trabalho do produtor Rosildo Freitas se deparou na última segunda-feira, 6.
Ao adentrar o aviário do frigorífico Acre Aves Alimentos, ele constatou a perda de 350 frangos de sua criação compartilhada com o cunhado.
A situação persistiu ao longo da semana, com mais 630 aves morrendo até o sábado, 11, elevando o total para 1.070 aves, representando uma perda de cerca de 70% da criação.
O produtor atribuiu as mortes ao calor extremo que atinge a região, com temperaturas atingindo picos de 42ºC no aviário desprovido de exaustores.
“Não tem jeito, porque ontem [sexta-feira, 10] chegou a 42ºC. O meu cliente já praticamente perdeu o lote todo.
Tem uma quantidade que a gente pode perder e sobrar alguma coisa, mas já passou disso. Do nosso lote, vai chegar só 30%, o resto já foi embora.
Tanto a instalação quanto a alimentação, é um investimento de uns R$ 10 mil, porque além de perder o trabalho, tem a energia, é muito caro, tem a mão de obra, que a gente continua pagando.
E, para nós, só tem isso de renda, porque o peixe não come com esse tempo quente, o peixe não cresce. Então, nós estamos em uma situação bem delicada”, conta.
Freitas expressou profunda aflição diante da situação, ressaltando que a criação de aves é a única fonte de renda, uma vez que a alternativa de criar peixes também é afetada pelas altas temperaturas.
O Complexo Agroindustrial, um modelo de gestão Público-Privado-Comunitário, desempenha um papel crucial na região, gerando cerca de 750 empregos diretos e oferecendo suporte a mais de cem produtores locais.
No entanto, Freitas observou uma incomum série de mortes decorrentes do calor, uma situação inédita nos anos anteriores, onde temperaturas entre 38ºC e 40ºC têm prejudicado gravemente a produção.
“Nós estamos há 13, 14 anos criando frango, e a gente nunca teve um fenômeno como esse.
Ainda são aqueles aviários convencionais, não é aquele aviário que tem espiral, os ventiladores são normais, mas o vento já é quente.
Quando a gente entra no aviário, você já sente aquele ar quente. E nós vamos tirar, talvez, uns 10% a 15% nesta segunda-feira (13).
Até à noite eles estão morrendo. Até à noite, que a gente acha que vai esfriar, eles estão morrendo.
É uma tristeza, é uma tristeza você olhar aqui e ver um negócio desse, é desesperador”, relata.
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Ele enfatizou que não está sozinho nessa luta, visto que outros criadores no local também enfrentam perdas de aves e clamam por apoio das esferas governamentais, especialmente após o estado ter decretado emergência devido à seca na região.
Diante do impacto crescente e das dificuldades enfrentadas, os produtores aguardam ansiosamente por qualquer forma de apoio do governo, enquanto enfrentam desafios financeiros crescentes, tanto a nível individual quanto coletivo.
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