Blumenau, 6 de novembro – O homicídio de um morador de rua chocou a cidade de Blumenau na última sexta-feira, 3.
Após a audiência de custódia do autor do crime, detido em flagrante, a justiça recusou a alegação inicial de legítima defesa apresentada pelo advogado do autor.
Além disso, novas imagens e resultados das investigações iniciais mostram que a vítima foi esfaqueada pelas costas, bem como apontam indícios de o autor ser dono da faca usada no crime.
Veja abaixo o que se sabe até o momento sobre o caso.
Contexto do crime e informações iniciais
O caso aconteceu no fim da tarde da última sexta-feira, 3, em frente ao mercado Giassi, localizado na rua Antônio da Veiga, no bairro Victor Konder.
Na ocasião, a vítima, identificada como Giovane Ferreira da Silva, de 29 anos, recebeu várias facadas e morreu no local.
O autor do homicídio, identificado como Gleidson Tiago da Cruz, de 41 anos, foi preso em flagrante na cena do crime.
A Polícia Militar chegou ao local do crime e encontrou o suspeito ainda na área, fazendo a detenção dele e isolando a cena. O Samu também compareceu ao local e confirmou o óbito da vítima.
Conforme o relatório policial, uma versão preliminar foi estabelecida com base em relatos do suspeito, testemunhas e imagens de câmeras de segurança.
Essa versão inicial diz que o suspeito teria chegado ao supermercado com sua filha de 2 anos, quando a vítima abordou a criança, oferecendo-lhe uma paçoca. Esse gesto aparentemente amigável levou a uma discussão entre o autor e a vítima.
Posteriormente, quando o suspeito saiu novamente do estabelecimento, ocorreu um novo desentendimento.
Nesse momento, o autor atacou a vítima com uma faca, resultando em sua morte.
Defesa do autor apresenta nova versão à justiça
Divergindo da versão preliminar, a defesa do autor, representada pelo advogado Rodolfo Warmeling, apresentou uma versão alternativa do crime.
Segundo essa versão, Gleidson teria agido para proteger sua filha de 2 anos, após a vítima supostamente ameaçar e desrespeitar a integridade da criança.
O advogado alega legítima defesa e diz que o pai reagiu de maneira instintiva diante da ameaça e dos insultos proferidos pela vítima.
“A vítima, insatisfeita com a ameaça proferida à integridade física da filha menor do autor, prosseguiu com ofensas de baixo calão e desferiu chutes no carrinho de bebê com novas ameaças.
A ação foi instintiva de um pai que estava na iminência de uma grande ameaça que colocava em risco não somente à sua integridade física, mas também, a de sua filha”, relatou.
Além disso, a defesa afirma que o autor das facadas e a vítima teriam entrado em uma luta corporal, onde a vítima teria sacado a arma.
Durante o confronto, Gleidson teria desarmado a vítima e desferido os golpes fatais.
A defesa chama o ato de “fato lamentável” vindo de um pai que se sentiu “ameaçado por um cidadão que desrespeitou todos os limites toleráveis, sobretudo, ao ameaçar a integridade física de uma criança”.
Novas imagens e relatório da audiência de custódia confrontam versão da defesa
Segundo informações divulgadas pelo portal NSC Total, imagens de uma câmera de segurança mostram o início do ataque de Gleidson contra Giovane.
O vídeo, com duração de 15 segundos, mostra o agressor correndo atrás da vítima nas proximidades de um supermercado.
De acordo com o portal, o ataque começa com o agressor esfaqueando a vítima pelas costas, e Giovane tenta fugir entrando na área do supermercado, mas acaba sendo atacado e cai no chão.
Além disso, o relatório da audiência de custódia aponta que pelo menos 15 facadas foram desferidas pelo agressor.
Em um vídeo compartilhado nas redes sociais, é possível ver que, após o assassinato, Gleidson Tiago da Cruz sai com a mão ensanguentada, se aproxima da filha e conversa com testemunhas.
Indícios apontam que faca pertenciam ao autor
Apesar de a defesa alegar que a vítima teria sacado a arma e, posteriormente, sido desarmada pelo autor, elementos trabalhados pela Justiça e Polícia Civil indicam que a faca usada no homicídio era de propriedade do próprio autor do crime.
Essa informação foi registrada na decisão do juiz Eduardo Passold Reis no último sábado, 4, durante a audiência de custódia.
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Juiz rejeita hipótese de legítima defesa
A Justiça considera que não há elementos que corroborem a hipótese de legítima defesa, que foi alegada pela defesa do autor.
O advogado do agressor afirmou que o homem agiu para proteger sua filha, mas o juiz destacou que, no momento inicial das investigações, não há evidências concretas que sustentem essa versão.
“Inviável dizer que o indiciado agiu em legítima defesa, ao menos neste momento embrionário das investigações, porque não há nenhum elemento concreto até o momento que pudesse corroborar tal versão”.
Investigações em andamento
A Polícia Civil, através da DIC de Blumenau, ficará responsável pelas investigações do homicídio.
Serão realizados novos interrogatórios, coleta de depoimentos de testemunhas e análise de imagens de câmeras de segurança para esclarecer a motivação e eventuais circunstâncias agravantes do crime.
Para dar sequência ao trabalho, a Polícia Civil aguarda a liberação das imagens internas do supermercado Giassi para entender melhor o que levou ao ataque.
Secretaria de Desenvolvimento Social lamenta morte de morador de rua
Em comunicado oficial, a Secretaria de Desenvolvimento Social lamentou o ocorrido e informou que a vítima, Giovane, estava sob acompanhamento da Secretaria desde 2019.
O homem recebeu assistência em diversos serviços da Assistência Social, como o Centro de Referência de Assistência Social (Cras) e a Abordagem Social.
Ele também foi assistido pelo Centro POP (Centro de Referência Especializado para a População em Situação de Rua), pelo Abrigo Municipal de Blumenau e foi encaminhado para comunidades terapêuticas, embora não tenha concluído nenhum tratamento.
“Ao longo desse período, a Semudes realizou um total de 119 atendimentos para o homem, sendo o último atendimento registrado no dia 25 de outubro no Centro POP”, pontua a nota da secretaria.
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