O objetivo da fraude era direcionar a contratação para uma empresa específica e, assim, ter vantagens.
Blumenau, Santa Catarina – A 14ª Promotoria de Justiça da Comarca de Blumenau tomou uma medida significativa ao ajuizar uma ação penal contra dois ex-agentes públicos e cinco empresários, alegando suposta fraude em licitação e corrupção passiva. Essa decisão surge após uma investigação realizada a pedido do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) que apontou indícios de uma conspiração para desvirtuar o caráter competitivo do Processo Licitatório na Modalidade Pregão Presencial n. 06-2247/2020, realizado pelo Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto de Blumenau (SAMAE).
O objetivo central dessa fraude era direcionar a contratação em benefício de uma empresa específica, buscando vantagens indevidas resultantes dessa trama, de acordo com o Promotor de Justiça Gustavo Mereles Ruiz Diaz. Os acusados também enfrentam uma ação civil pública pelas mesmas ações.
As alegações indicam que as negociações para favorecer uma empresa específica na licitação começaram em março de 2020. Segundo os autos, o então diretor operacional do SAMAE teria contatado um empresário e proposto a retirada da empresa desse pregão presencial. Como contrapartida, teria oferecido um contrato para prestação de serviços na Secretaria Municipal de Manutenção e Conservação Urbana, através de dispensa ou fraude no processo licitatório. A contrapartida incluía o pagamento de 10% de propina sobre o valor líquido do contrato.
Mesmo após sair do SAMAE, o ex-diretor teria continuado a influenciar a autarquia por meio de outro agente público, o que está sob investigação na 4ª Delegacia de Combate à Corrupção (DECOR).
O suposto ato fraudulento, chamado de “bloqueio” ou “paredão”, envolveu os empresários denunciados na ação penal comparecendo ao pregão para bloquear a concorrência de outros licitantes. O edital do pregão eletrônico foi publicado em 7 de dezembro de 2020, e a abertura das propostas ocorreu em 18 de dezembro do mesmo ano.
Embora nove empresas tenham participado do pregão presencial, apenas três delas foram classificadas para a fase de lances, conforme as investigações sugerem, devido aos acordos entre os denunciados. Duas dessas empresas teriam apresentado valores de lance que, supostamente, só serviriam para dar a aparência de competição. Isso teria aberto caminho para que a empresa favorecida pela direção do SAMAE ganhasse a licitação, apresentando um valor inferior.
• LEIA TAMBÉM: Homem que foi encontrado morto dentro de veículo boiando em SC é identificado
“Apesar das preocupações de diversos licitantes sobre evidências de conluio entre as empresas, devido à proximidade das ofertas e à disparidade dos valores das outras propostas apresentadas, nenhuma medida foi tomada para investigar os fatos até a instauração de um processo administrativo, em resposta a uma solicitação do Ministério Público. No entanto, o processo administrativo continua em andamento até a data da denúncia, sem conclusão”, ressaltou o Promotor de Justiça, que protocolou a ação penal em 19 de setembro.
Em uma recente desenvolvimento, a Juíza da 2ª Vara Criminal de Blumenau notificou os denunciados para apresentarem defesa preliminar em 02 de outubro.
Sugestão de pauta