A maior derrota nas urnas foi de Joice Hasselmann que recebeu mais de 1 milhão de votos em 2018 e míseros 13 mil este ano
Vários candidatos com experiência política, projeção nas redes sociais e altos índices de votação em eleições passadas não conseguiram repetir o bom desempenho e foram derrotados nas urnas neste domingo, 2 de outubro.
Alguns exemplos clássicos são Janaina Paschoal, Alexandre Frota e Joice Hasselmann. Janaína Pachoal, aliás, foi a deputada estadual mais votada da história na eleição anterior, com mais de dois milhões de votos.
Mesmo aqueles que já cumpriam mandato tiveram dificuldades para atrair eleitores neste ano e superar a onda bolsonarista que dominou o pleito para o Legislativo.
Um dos casos que podemos citar é o de Alexandre Frota (PSDB-SP), famoso pela carreira na televisão. Ex-aliado do presidente Jair Bolsonaro(PL), foi eleito para a Câmara dos Deputados pelo PSL (então sigla de Bolsonaro) em 2018 com mais de 150 mil votos.
Neste ano, Frota tentava uma vaga na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), mas recebeu 24 mil votos e não conseguiu se eleger. Ele desembarcou do bolsonarismo após criticar as atitudes do presidente, em 2019, e desde então passou a fazer críticas publicamente ao chefe do Executivo.
Porém, outros ex-aliados do presidente tiveram o mesmo destino. Joice Hasselmann (PSDB-SP), por exemplo, recebeu mais de 1 milhão de votos em 2018, quando teve sua imagem associada à de Bolsonaro. Já nas eleições deste ano recebeu apenas 13 mil votos.
E o que dizer de Janaína Paschoal(PRTB-SP)? Em 2018 ela teve mais de 2 milhões de votos, se tornando a candidata mais votada da história do País. Neste ano obteve 447 mil votos ao tentar o Senado por São Paulo, não sendo eleita.
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Causas e consequências
Tanto Joice como Janaína se desvincularam do bolsonarismo nos últimos anos. Janaina se diz fiel às pautas defendidas pelo presidente, mas não à figura dele em si, e perdeu para o candidato apoiado pela coligação de Bolsonaro, Astronauta Marcos Pontes(PL-SP).
O cientista político Ricardo Ismael de Carvalho, professor da PUC-Rio, explica que os três ficaram em uma situação difícil com o eleitorado, pois não têm votos na oposição ao governo. “Eles foram eleitos com apoio de Bolsonaro. Ao passarem para a oposição, eles não têm voto”, afirma.
Todavia alguns aliados de Bolsonaro também não conseguiram atingir o coeficiente eleitoral. Foi o caso do ex-presidente da Fundação Zumbi dos Palmares, Sérgio Camargo, (PL) e da médica Nise Yamaguchi (PROS), que ganhou destaque durante a CPI da Covid.
“Cada caso é um caso, mas Sérgio se desgastou muito na gestão de Bolsonaro com posições retrógradas e polêmicas. Já Nise se arriscou para ver se conseguia, mas a eleição pelo sistema proporcional é muito disputada, não cabe todo mundo”, diz.
Nomes tradicionais ficaram pelo meio do caminho
Houve ainda nomes tradicionais da política que não se elegeram. O senador José Serra(PSDB) ficou em 80º lugar no número total de votos para deputado federal por São Paulo, tendo sido escolhido por 88.926 eleitores. O desgaste do partido no estado e a falta de palanque do governador Rodrigo Garcia (PSDB), candidato à reeleição, explicam a derrota.
“O PSDB não chega ao segundo turno em São Paulo depois de muitos anos e o partido perdeu muitos deputados federais, caindo de 23 para 10. Serra paga um preço de um declínio do PSDB a nível nacional e, especificamente, em São Paulo”, diz o professor.
Já o ex-senador José Aníbal(PSDB), que já foi vereador, deputado federal e secretário do governo de Geraldo Alckmin(PSB), teve desempenho ainda pior: ficou em 306º lugar, com 7.692 votos. E ainda: o deputado federal Paulinho da Força (SD) tampouco conseguiu se reeleger, assim como o ex-ator pornô Kid Bengala (União Brasil).
Tem ainda nomes como o do ex-deputado federal Eduardo Cunha, ex-líder da Câmara dos Deputados e preso por corrupção, que não conseguiram outro mandato. Pelo Twitter, Eduardo Cunha elencou alguns motivos por não ter sido eleito, como o fato de ter mudado o domicílio eleitoral do Rio para São Paulo, por muitos não saberem que ele estava candidato.
“Estava com partido com pouco tempo de TV e também não fiz campanha de forma adequada, como sempre fazia no Rio”, diz. Ele recebeu pouco mais de 5 mil votos. Sua filha, no entanto, conseguiu ser eleita no Rio, com mais de 75 mil votos.
Ainda no Rio de Janeiro, os candidatos Heloisa Helena (Rede), a atriz Antonia Fontenelle(Republicanos) e Marcello Siciliano(PP) não conseguiram lograr êxito. Heloisa, que tinha domicílio eleitoral em Alagoas, teve 38.161 votos.
Na contramão destes,porém, houve candidatos famosos que se mantiveram no bolsonarismo e superaram seu desempenho de 2018. A deputada federal Bia Kicis(PL-DF) recebeu 214.733 votos, mais que o dobro dos cerca de 86 mil recebidos nas eleições passadas.
O estreante Mario Frias, que assim como Alexandre Frota fez carreira na TV, chegou ao governo como secretário especial de Cultura no meio do mandato de Bolsonaro. Ele teve 122.564 votos em sua primeira eleição, o que lhe valeu o mandato de deputado federal.
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