Ela está entre os 10 selecionados para representar o país.
A pesquisadora Franciele de Matos Morawski, recém egressa do Programa de Pós-graduação em Química da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), é uma entre os dez cientistas brasileiros escolhidos para o AIT Camp 2021-2022, realizado na Suíça pela Swissnex, organização que conecta a Suíça e o Brasil com ações em educação, pesquisa e inovação.
Ela foi selecionada com a pesquisa Eletrodo biocompatível e biodegradável aplicado ao monitoramento de pacientes infectados com COVID-19, que apresentou resultados promissores na realização de prognósticos que antecipam se um paciente pode desenvolver um quadro grave de Covid-19. O evento ocorre de 3 a 9 de abril.
Apenas dez cientistas brasileiros foram selecionados para receber esse treinamento, que é focado na formação empreendedora de pesquisadores e no estabelecimento de conexões Brasil-Suíça. Além de Franciele, fazem parte do grupo professores, CEOs e pós-doutorandos.
O treinamento da indústria acadêmica é uma realização da Swissnex no Brasil, em colaboração com a Universidade de St. Gallen (HSG), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação (MCTIC), e busca conectar pesquisadores-empreendedores promissores com a indústria. A proposta é desenvolver a aplicação de mercado de pesquisas de alto nível.
“A participação é uma oportunidade única na minha carreira. A primeira etapa do treinamento ocorreu em novembro do ano passado, no Brasil, e contou com aulas de plano de negócios, estruturação de pitch, captação de investimento e muitos outros temas ligados ao empreendedorismo. Estou ansiosa para o treinamento na Suíça. Estaremos em uma das maiores universidades de negócios do mundo. Essas iniciativas abrem novas oportunidades de carreira para nós pesquisadores”, comenta.
O método elaborado por Franciele foi apresentado pela Agecom em maio de 2021, após receber o prêmio Tech Women Paper Contest 2021 – Soluções e Inovação de Tecnologia em Sustentabilidade, e repercutiu na imprensa local e nacional. O dispositivo desenvolvido por ela é parecido com um glicosímetro: utiliza-se uma gota de sangue em contato com o sensor, que identifica por meio de correntes os níveis de interleucina-6 (IL-6) no sangue do paciente. Franciele foi orientanda da professora Cristiane Jost, em parceria com o professor André Bafica do departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia da UFSC
“Os estudos têm demonstrado que os pacientes internados com Covid-19 apresentam uma elevação da interleucina-6 no sangue, principalmente quando eles evoluem para casos mais graves. Quando o paciente é internado, você conseguiria fazer uma avaliação desses níveis de interleucina-6 de uma maneira rápida e barata, com um sensor que possibilita o monitoramento da proteína em tempo real e, a partir disso, auxiliar a equipe médica para tomar decisões sobre manter o paciente em observação e fazer um maior acompanhamento”, contou a pesquisadora, na época. O sensor é de fácil fabricação, além de ser biocompatível e biodegradável.
Prêmio também por estudo de agrotóxicos
A pesquisadora também foi recentemente premiada por uma pesquisa apresentada em novembro do ano passado, no Simpósio Brasileiro de Eletroquímica e Eletroanalítica. O estudo intitulado Core@shell magnetic nanoparticles for electrochemical determination of bifenox herbicide foi reconhecido como melhor trabalho apresentado na modalidade oral.
Na pesquisa, ela estudou um novo eletrodo de carbono vítreo modificado com nanopartículas e aplicou o dispositivo para a determinação eletroquímica de bifenox, um herbicida que demonstrou induzir o estresse oxidativo das células, aumentando o potencial tumorigênico. Foi a primeira vez que o material sintetizado foi testado na eletroanálise de poluentes ambientais. O paper também foi assinado por Natalia Bruzamarello Caon, Kelline Alaide Pereira Sousa, Fabricio Luiz Faita, Alexandre Luis Parize e pela professora da UFSC Cristiane Luisa Jost. (Com Informações da UFSC)
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