Dinheiro de consultoria ou esquema? Ex-diretor cita ‘Careca do INSS’ em repasses milionários

O ex-diretor do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) Alexandre Guimarães admitiu nesta última segunda-feira (27) ter recebido mais de R$ 2 milhões de empresas ligadas a Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como o “Careca do INSS”.
Apesar disso, ele negou envolvimento com o esquema de desvios ilegais em aposentadorias e pensões investigado pela Polícia Federal.
Segundo a Agência Câmara de Notícias, Guimarães foi ouvido pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga fraudes no INSS.
Durante o depoimento, afirmou ter sido sócio proprietário da Vênus Consultoria Assessoria Empresarial S/A, criada em 2022 para prestar serviços de educação financeira à Brasília Consultoria, empresa de Antunes. A Vênus Consultoria encerrou atividades em 2025, após a Operação Sem Desconto, da Polícia Federal.
Ao ser questionado pelo relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), sobre se os valores recebidos poderiam ser considerados vantagem indevida, Guimarães respondeu:

“Nenhuma. Eu não recebi do senhor Antônio. Eu recebi da empresa para a qual eu prestava serviço”. Ele também confirmou que não tinha outros clientes na consultoria além das empresas de Antunes.
Segundo o ex-diretor, o primeiro contato com Antunes ocorreu em 2022, por meio de amigos em comum, sem ligação com o INSS. Na ocasião, discutiram um projeto informal de exportação de frutas para a China e financiamento de transporte.
Durante o depoimento, Guimarães explicou que, na diretoria de Governança, Planejamento e Inovação do INSS, função que exerceu entre 2021 e 2023, sua equipe não tinha competência para resolver denúncias de descontos indevidos em aposentadorias e pensões, apenas encaminhar as reclamações para a área responsável.
Ele ressaltou que o aumento nas denúncias entre 2022 e 2024 se deveu à transferência da ouvidoria para dentro do INSS, facilitando o registro das reclamações.
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O ex-diretor já havia atuado no INSS entre 2017 e 2019, indicado pelo ex-deputado Andre Moura (SE) para a diretoria de gestão de pessoas. Retornou em 2021 por indicação do deputado Euclydes Pettersen (Republicanos-MG), assumindo a diretoria de Governança, Planejamento e Inovação.
A convocação de Alexandre Guimarães para depor à CPMI foi aprovada a partir de requerimentos do senador Izalci Lucas (PL-DF) e dos deputados Rogério Correia (PT-MG), Adriana Ventura (Novo-SP), Duarte Jr. (PSB-MA) e Sidney Leite (PSD-AM).









