Com a elevação da taxa básica de juros, o crédito fica mais caro no Brasil
O Banco Central (BC) aumentou a taxa básica de juros, a Selic, em 1 ponto percentual, elevando-a para 13,25% ao ano.
A decisão foi tomada por unanimidade pelo Comitê de Política Monetária (Copom) e reflete as preocupações com a inflação elevada, a alta do dólar e as incertezas na economia global.
Essa é a quarta alta consecutiva da Selic, que atinge o maior patamar desde setembro de 2023.
Em comunicado, o Copom destacou que as incertezas externas, principalmente nos Estados Unidos, afetam a política monetária brasileira.
O Banco Central norte-americano (Federal Reserve, Fed) ainda não definiu sua postura sobre os juros, o que causa instabilidade nos mercados.
No cenário interno, a inflação continua acima da meta, e as preocupações com os gastos públicos impactam os preços dos ativos e as expectativas econômicas.
“O comitê segue acompanhando com atenção como os desenvolvimentos da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros”, informou o Copom.
O comunicado ressaltou que a percepção dos agentes econômicos sobre a sustentabilidade da dívida pública influencia diretamente as taxas de juros e a inflação.
Perspectivas do Copom e da Selic para os próximos meses
O Copom já confirmou que fará mais um aumento de 1 ponto percentual na reunião de março, mas não detalhou se continuará subindo a Selic em maio.
O comitê informou que as próximas decisões dependerão da evolução da inflação e do cenário econômico.
A Selic está em trajetória de alta desde setembro do ano passado, quando saiu de 10,5% ao ano e passou por quatro aumentos seguidos.
O ciclo de alta reforça a estratégia do Banco Central para conter a inflação, que já acumula 4,83% nos últimos 12 meses, ultrapassando o teto da meta para o período.
Com a adoção do novo sistema de meta contínua, a inflação agora é avaliada mensalmente, sempre considerando os últimos 12 meses.
A meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 3%, com margem de tolerância entre 1,5% e 4,5%.
Atualmente, o índice está acima desse limite, o que reforça a necessidade de medidas para desacelerar a alta dos preços.
Inflação preocupa o Banco Central
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, fechou dezembro em 0,52%.
O aumento foi puxado pelo encarecimento dos alimentos, como carnes e frutas, mesmo com a bandeira verde nas contas de luz. Segundo o IBGE, o IPCA acumulado já supera o teto da meta estipulada para 2024.
O Banco Central elevou suas projeções para a inflação. A estimativa para 2025 subiu de 4,5% para 5,2%, ultrapassando a meta máxima estipulada. Já para o terceiro trimestre de 2026, a previsão é de 4% no acumulado de 12 meses.
Os analistas do mercado financeiro estão ainda mais pessimistas.
Segundo o boletim Focus, divulgado semanalmente pelo BC, a projeção para a inflação ao final de 2025 é de 5,5%, um ponto acima do teto da meta. Há um mês, a expectativa era de 4,96%.
Impacto da alta dos juros na economia
O aumento da Selic encarece o crédito, desestimula o consumo e a produção e ajuda a conter a inflação. No entanto, também dificulta o crescimento econômico.
O último Relatório de Inflação do Banco Central prevê um crescimento de 2,1% para o PIB em 2025. O mercado, no entanto, projeta um avanço um pouco menor, de 2,06%.
A taxa básica de juros influencia diretamente o custo dos empréstimos e financiamentos. Quando sobe, torna o crédito mais caro para empresas e consumidores, reduzindo investimentos e o consumo.
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Ao mesmo tempo, estimula a poupança, já que aplicações de renda fixa se tornam mais atrativas.
O Copom reforçou que qualquer corte na Selic só será possível quando houver segurança de que a inflação está sob controle e os riscos de novos aumentos de preços forem reduzidos.
Até lá, o Banco Central seguirá monitorando os efeitos da política monetária sobre a economia.
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