Inicialmente, a decisão será aplicada apenas na Itália.
O Vaticano introduziu uma mudança significativa em suas diretrizes ao permitir que homens gays sejam admitidos nos seminários, desde que cumpram o celibato, uma exigência já estabelecida para todos os sacerdotes. A decisão, que inicialmente será aplicada apenas na Itália, marca um ajuste inesperado na postura da Igreja Católica sobre o tema.
Embora a Igreja nunca tenha formalmente proibido homens gays de ingressarem no sacerdócio, uma norma publicada em 2016 restringia a entrada de candidatos com “tendências homossexuais profundamente arraigadas”.
As novas orientações, publicadas discretamente no site da Conferência Episcopal Italiana, mudam essa abordagem ao enfatizar que a orientação sexual deve ser analisada como parte de um contexto mais amplo.
De acordo com o texto, os diretores de seminários são orientados a considerar as preferências sexuais dos candidatos, mas sem reduzi-las a um fator determinante. A instrução destaca a necessidade de compreender como essas tendências se inserem no conjunto da personalidade de cada jovem.
O documento, aprovado pelos bispos italianos em novembro, recebeu a confirmação do Vaticano para entrar em vigor por um período experimental de três anos.
O Papa Francisco, conhecido por sua postura mais acolhedora em relação à comunidade LGBTQIA+, permitiu recentemente que padres abençoassem casais do mesmo sexo em circunstâncias específicas, reforçando sua imagem de abertura dentro da Igreja.
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Ainda assim, a presença de homens gays no sacerdócio permanece um tema delicado. Muitos padres gays evitam falar abertamente sobre sua sexualidade por medo de retaliações ou discriminação.
Apesar de Francisco ter endossado a instrução de 2016, que reforçava normas estabelecidas por Bento XVI em 2005, sua abordagem nos últimos anos tem sido vista como mais flexível. Mesmo assim, ele já pediu uma triagem rigorosa de candidatos ao seminário e, em ocasiões anteriores, determinou que padres sexualmente ativos deixassem suas funções.
Em um fato polêmico no ano passado, o papa teria utilizado uma expressão ofensiva ao se referir à homossexualidade em seminários durante uma reunião a portas fechadas. O caso resultou em um raro pedido de desculpas por parte do Vaticano, destacando as tensões internas sobre o tema.
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