Rutiely Geraldo nasceu em São José dos Pinhais, no Paraná, mas passou parte da infância em Agrolândia, Santa Catarina, de onde vem as primeiras memórias de episódios de racismo. “Não foi nada fácil, onde eu estudava não tinham outras crianças negras. Ninguém queria brincar comigo porque eu era diferente”, conta. Na época, Rutiely chegou a dizer à mãe “não quero ser assim, não quero ter essa pele, esse cabelo”.
O processo de aceitação veio na adolescência e Rutiely se tornou uma mulher linda e forte, que tomou uma decisão importante. “Eu não tive representatividade, então decidi ser a representatividade”, conta.
Há dois anos, Rutiely, que trabalha como supervisora comercial, recebeu um convite de uma agência de modelos. No começo, hesitou, mas depois percebeu que esta seria uma boa oportunidade para ser modelo para outras meninas que enfrentam hoje as mesmas dúvidas que ela teve no passado.
“Decidi que poderia levar duas bandeiras: a de mãe e a de mulher negra”, afirma. E acrescenta: “como mãe, mostro que nós podemos fazer tudo o que queremos, tudo o que sonhamos, não precisamos desistir de nada depois da maternidade. Como mulher negra, quero que as meninas vejam que nosso cabelo é lindo, que nossa pele é linda”.
Aos 30 anos, Rutiely ganhou concursos de Miss Blumenau e Miss Santa Catarina na categoria young, que permitiu a inclusão de mulheres casadas e mães nas competições. No último sábado, ela ganhou o título de Miss Internacional Jovem BWW no Festival Beauty Worldwide 2024, que aconteceu em Lima, no Peru.
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Sobre novos desafios, a modelo pretende “usar minha faixa e coroa para alcançar o máximo de meninas e as encorajar para seguir seus sonhos, sejam eles quais forem”.
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