Nesta segunda-feira, 29, Uyara de Araújo Costa Cernadas, de 12 anos, andou sozinha pela primeira vez desde o grave acidente que sofreu há quase dois meses. Um passo gigante diante de uma recuperação prevista para levar anos, segundo a equipe médica que acompanha a menina que teve uma severa fratura na pelve, entre outras sequelas.
Para os pais de Uyara, a felicidade de ver a filha andar se divide com a angústia de assistir ao inquérito policial se arrastar há quase dois meses sem apontar os responsáveis pelo acidente que machucou Uyara e causou a morte do irmão dela, Tauã de Araújo Costa Cernadas, de apenas 6 anos.
Até agora, ninguém foi indiciado pela Polícia Civil, que ainda não concluiu o inquérito.
O pai das crianças, Matheus Costa Cernadas, e a mãe, Taynã de Araújo Costa, conversaram com a equipe do Misturebas News no local do acidente, na Rua Benjamin Constant, no bairro Imigrantes, em Timbó.
“Estávamos esperando as crianças chegarem da escola, vimos da varanda a movimentação do Samu, mas nunca imaginamos que eram nossos filhos que tinham sido atingidos”, disse Matheus.
A van escolar contratada para buscar as crianças na escola deixou os irmãos do outro lado da rua, em frente ao prédio onde moravam. Ao atravessarem, os dois foram atingidos por um Palio. Eram por volta de 18h30, horário de muito movimento na região.
“Assinamos um contrato com a van, onde o proprietário nos garantiu que a segurança das crianças era prioridade, mas não foi o que aconteceu e essa negligência custou a vida do meu filho”, lamenta Taynã.
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Investigação
Procurado pelo Misturebas News, o delegado responsável pelo caso, Ismael Marmitt, disse apenas que está aguardando um laudo que vai apontar se o Palio estava acima da velocidade.
Cerca de três semanas após a morte de Tauã, o delegado informou ao Misturebas News que os dois motoristas – do Palio e da van escolar – seriam ouvidos na condição de suspeitos. Mas o que a reportagem apurou é que o motorista da van foi ouvido como testemunha. Inicialmente, o inquérito foi registrado como morte violenta no trânsito.
“O que queremos é transparência e celeridade nas investigações. Nosso advogado até agora não teve acesso ao inquérito de forma integral”, cobra o pai de Tauã.
A reportagem apurou que a van continua trabalhando normalmente no transporte de crianças.
Mensagem
Taynã, que tem também um bebê de seis meses, afirmou que vive a dor da perda do filho e que espera que um dia ela se transforme em saudade. “Nada vai trazer meu filho de volta, mas preciso que a polícia apure a responsabilidade de cada um para que não aconteça com outras crianças”, disse.
E encerrou a entrevista com uma mensagem. “Tauã era um menino muito alegre, que amava cuidar das pessoas. Tinha paixão pelas profissões que cuidam, polícia, bombeiros, profissionais de saúde, garis. Tauã era vida. E é assim que vamos lembrar dele”.
Confira a entrevista completa abaixo:
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