Motoboys que trabalham em Indaial e Timbó realizaram uma manifestação pacífica em frente à prefeitura de Indaial na tarde desta quarta-feira. Com faixas e cartazes, eles cobraram melhores condições de trabalho para a categoria.
O Misturebas News esteve no local e conversou com representantes dos motoboys e também dos estabelecimentos comerciais que apoiam a causa. Muitos ficaram de portas fechadas como forma de protesto.
Motoboy há três anos, Paulo Henrique Vongilsa explica que a Polícia Militar tem realizado diversas blitze no município e apreendido motos de trabalhadores. “Só ontem foram 12”, reclama. Segundo ele, os policiais cobram exigências que fazem parte do Código Brasileiro de Trânsito, mas que são incompatíveis com a profissão.
Uma delas é a proibição da bag, uma espécie de mochila para transportar alimentos.
A lei diz que é preciso instalar um baú na moto. “Como você vai transportar uma marmita ou um refrigerante de 2 litros no baú? Vai chegar tudo revirado, é um absurdo”, diz Endyele do Amaral, dona de uma creperia que foi ao protesto em apoio aos motoboys. “Temos vários donos de estabelecimentos aqui, nós dependemos dos motoboys, por isso estamos na mesma luta”, afirmou.
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Os motoboys também costumam ser parados por não terem a placa vermelha, o que indica que o veículo é utilizado para fins comerciais.
A moto é o único meio de transporte de Paulo, tanto pessoal quanto de trabalho, nas doze horas que trabalha por dia. Com a placa vermelha, ele não pode, por exemplo, dar uma carona à esposa até o trabalho.
“Por que a placa vermelha é exigida dos motoboys e não de outras categorias que também utilizam veículos para trabalho?”, questiona.
A lei também obriga que os motoboys façam um curso de motofretista, que não existe em Indaial.
O local mais próximo que oferece o curso é Blumenau e custa cerca de 300 reais. “Como a gente vai parar de trabalhar para fazer o curso? Por que não nos é dado um prazo para regularizar? A gente simplesmente é multado e tem a moto recolhida. Estamos aqui lutando apenas para poder trabalhar”, desabafa. E acrescenta: “durante a pandemia fomos considerados heróis, levamos comida e remédios, arriscando as nossas vidas, enquanto todo mundo se protegia. Por que agora viramos inimigos?”.
A prefeitura de Indaial prometeu intermediar uma reunião entre os trabalhadores e os representantes da Polícia Militar, marcada para quinta-feira.
Sobre a bag, já está em tramitação na Câmara de Indaial um projeto de lei para regulamentar o uso.
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