No dia 14 de março a Netflix exibe o documentário “O Ninho: futebol e tragédia” sobre a morte de 10 adolescentes em 2019 em um incêndio no Ninho do Urubu, nome do centro de treinamento do Flamengo no Rio de Janeiro. A família de Bernardo Pisetta, de 14 anos, uma das vítimas fatais do incêndio, participou das gravações.
O Misturebas News foi até a casa dos pais de Bernardo, em Indaial, falar sobre o caso que completou cinco anos.
Para o pai, Darlei Pisetta, “não foi fácil reviver aquele dia. A dor é muito grande e a saudade também. Mas a gente precisa seguir para que o caso não seja esquecido e os responsáveis sejam punidos”.
Os adolescentes, entre 14 e 16 anos, faziam parte das categorias de base do Flamengo. Estavam em um alojamento improvisado em contêineres, quando um curto circuito no ar condicionado deu início a um incêndio às 5 da manhã do dia 8 de fevereiro de 2019.
Os meninos foram surpreendidos pelo fogo e fumaça enquanto estavam dormindo, o que potencializou a tragédia.
“O documentário foi muito importante porque investigou a fundo o caso. Descobri agora, cinco anos depois, como o meu filho morreu. Sempre me disseram que ele tinha morrido dormindo, mas não era verdade. Bernardo morreu tentando fugir. Ele saiu do quarto, mas sem enxergar por causa da fumaça, virou para o lado contrário da saída e deu de cara com uma parede”, disse o pai.
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Darlei conta que Bernardo estava no momento mais feliz da vida. Tinha recebido outras propostas, mas ser goleiro do Flamengo, time do coração, era a realização de um sonho.
“A gente entregou nosso menino a quem a gente confiava. O Flamengo, um time grande… sempre achamos que ele estaria seguro ali. O time sabia dos problemas no alojamento e escolheu ignorar”, lamenta o pai.
No apartamento da família, o quarto de Bernardo guarda as medalhas, troféus, a chuteira e as bolas que o goleiro usava.
Ao final da entrevista, Darlei deixou um recado aos pais: “ajudem os seus filhos a realizar os sonhos deles. Quando a gente pensa no passado, tem a certeza de que faria tudo igual. Sempre incentivamos e ajudamos o Bernardo. A culpa do que aconteceu é das pessoas que negligenciaram as nossas crianças”.
Nove das dez famílias entraram em acordo financeiro com o clube, mas ainda aguardam o desfecho do processo judicial que se arrasta sem apresentar – e punir – os responsáveis pelas mortes no CT do Flamengo. São acusados de incêndio culposo qualificado por causar morte e lesão corporal grave:
Eduardo Bandeira de Mello – presidente do Flamengo até 2018;
Márcio Garotti – diretor financeiro do Flamengo, junto com Bandeira;
Marcelo Maia de Sá – diretor adjunto de patrimônio;
Danilo Duarte – engenheiro responsável técnico pelos contêineres;
Fabio Hilário da Silva – engenheiro responsável técnico pelos contêineres;
Weslley Gimenes – engenheiro responsável técnico pelos contêineres;
Claudia Pereira Rodrigues – responsável pela assinatura dos contratos da NHJ;
Edson Colman – Sócio da Colman Refrigeração, que realizava a manutenção no ar condicionado.
Confira a entrevista completa com Darlei Pisetta, pai de Bernardo, abaixo:
Confira algumas lembranças de Bernardo que são guardadas pela família.
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