O atual cenário coloca o governo estadual e a comunidade indígena em conflito.
O Governador de Santa Catarina, Jorginho Mello, anunciou uma polêmica decisão de fechamento das comportas das barragens de José Boiteux e Ituporanga, provocando agitação e protestos na comunidade indígena Xokleng. A medida, justificada como precaução contra enchentes iminentes, tem gerado conflitos de interesse e alegações de quebra de acordo.
A Barragem Norte, localizada em José Boiteux, é a maior estrutura de contenção de cheias de Santa Catarina, com um volume de 357 milhões de metros cúbicos. No entanto, sua construção em 1972 afetou profundamente comunidades indígenas que habitavam a área desde a década de 40.
O anúncio do fechamento das comportas foi feito pelo Governador Jorginho Mello durante uma coletiva de imprensa realizada neste sábado (7) e posteriormente em suas redes sociais. Ele alegou que essa ação era necessária para mitigar os riscos de enchentes, especialmente em Rio do Sul, onde o Rio Itajaí-Açu poderia alcançar níveis perigosos.
No entanto, a comunidade Xokleng, que reside na Terra Indígena Laklãnõ, reagiu com indignação. Em uma transmissão ao vivo, membros da comunidade expressaram seu descontentamento e alegaram que o governador havia se comprometido, em ata de reunião, a investir cerca de R$ 20 milhões em melhorias para a comunidade, incluindo a construção de uma nova escola, um ginásio, campo de futebol e espaço cultural.
Em uma transmissão ao vivo, membros da comunidade expressaram seu descontentamento com frases como “Bagulho é loko e o processo é lento” e “Vamo dale família”. Em uma rede social, um perfil da comunidade acabou fazendo publicações ameaçadoras.
Os indígenas também manifestaram preocupações sobre os riscos associados ao fechamento das comportas, fazendo referência ao desastre de Brumadinho. Eles temem que uma tragédia semelhante possa ocorrer em suas terras.
O atual cenário coloca o governo estadual e a comunidade indígena em conflito. Enquanto o governo argumenta que a decisão visa proteger a vida dos catarinenses contra enchentes, os indígenas alegam que houve quebra de acordo, falta de consulta adequada e temem as consequências do fechamento das comportas para suas terras e modo de vida.
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Além disso, é importante destacar que, devido às características técnicas da barragem, seu estado de conservação e sua conformidade com a legislação vigente, a estrutura pode ser classificada como de ALTO RISCO, aumentando as preocupações dos indígenas sobre sua segurança.
BARRAGEM
A região da barragem de José Boiteux está sendo palco de tensão e protestos. A comunidade indígena montou barricadas e acendeu fogueiras para impedir a entrada das forças de segurança do Governo de Santa Catarina.
Vídeos que circularam nas redes sociais revelaram a intensidade do confronto. As imagens mostram barricadas improvisadas bloqueando estradas de acesso à barragem, bem como a ponte sobre o canal extravasor da infraestrutura, dificultando significativamente o acesso.
Uma cena que chamou a atenção foi a queima de uma placa informativa sobre a reforma da barragem, que estava posicionada no local. Este ato de protesto simbolizou a insatisfação da comunidade em relação à situação da barragem e à atuação do governo.
Até o momento, não houve relatos de feridos durante os confrontos, mas a situação continua sendo monitorada de perto pelas autoridades locais e estaduais. A comunidade e as equipes da Defesa Civil devem buscar um diálogo para resolver as preocupações e garantir a segurança da barragem e das pessoas que vivem na região.
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