O opioide é 100 vezes mais potente que a morfina
Uma tragédia abalou Nova York na última sexta-feira, 15, quando Nicholas Dominici, uma criança de apenas 1 ano de idade, morreu de overdose de fentanil.
A polícia acredita que a exposição à droga tenha ocorrido por meio do tapete de cochilo usado pelo pequeno Nicholas em um centro para crianças onde ele passava o dia.
Além da trágica morte de Nicholas, outras três crianças, com idades entre 8 meses e 2 anos, também foram hospitalizadas após serem expostas ao narcótico.
O centro para crianças, situado no bairro do Bronx, operava em um apartamento e atendia crianças de 8 meses a 12 anos.
As autoridades prenderam a dona do estabelecimento, Grei Mendez, e um homem que alugava um quarto em sua residência, Carlisto Acevedo Brito.
Ambos enfrentam acusações de conspiração e assassinato relacionadas ao trágico incidente.
Durante uma inspeção policial no local, os agentes encontraram aproximadamente 1 quilo de fentanil armazenado em cima dos tapetes de cochilo usados pelas crianças.
Além disso, uma prensa para drogas foi apreendida no quarto alugado por Carlisto.
A defesa de Grei Mendez afirma que ela entrou em pânico ao descobrir que as crianças estavam supostamente sob efeito de drogas.
Segundo a defesa, ela só teve uma conversa de 10 segundos com seu marido antes de chamar a polícia.
O trágico incidente chamou a atenção do prefeito de Nova York, Eric Adams, que, durante um discurso sobre outros assuntos, expressou sua consternação.
“Nós simplesmente nos tornamos tão confusos como sociedade. Precisamos nos recompor”, disse Adams.
“Não sei o que há de errado conosco. Tínhamos fentanil em um local para crianças.”
Por que o fentanil é tão perigoso e como afeta o cérebro
O fentanil, uma droga opioides sintéticos com potência extraordinária, recentemente ganhou destaque devido ao seu alto risco de overdose e morte por interromper a respiração.
Cem vezes mais potente que a morfina e 50 vezes mais potente que a heroína, o fentanil é um opioide usado legalmente como anestésico para aliviar dores intensas em contextos médicos.
No entanto, o seu uso recreativo representa um sério perigo.
Como outros opioides, o fentanil age interagindo com os receptores opioides encontrados em áreas do cérebro responsáveis por controlar a dor e as emoções.
Esses receptores normalmente respondem a substâncias químicas liberadas pelo corpo para recompensar atividades essenciais para a sobrevivência, como comer, beber e fazer sexo.
Quando o fentanil entra no cérebro, ele interage com esses receptores, desencadeando a liberação de dopamina.
Esse processo anula a sensação de dor e proporciona ao usuário um forte sentimento de prazer, tranquilidade e redução da ansiedade.
O fentanil é altamente viciante, pois seu efeito inicial é extremamente poderoso, levando as pessoas a buscar repetidamente essa sensação.
No entanto, sua ação no cérebro também inclui um efeito mortal: interrompe a respiração da pessoa, levando à hipóxia, quando a oxigenação do corpo é perigosamente reduzida.
Os receptores opioides também estão presentes no tronco cerebral, que controla a função respiratória.
Quando inundados com fentanil, esses receptores podem fazer com que uma pessoa pare de respirar, mesmo que ela esteja consciente.
Um estudo recente realizado na Universidade Harvard revelou que o fentanil interrompe a respiração antes que a pessoa perceba outras mudanças e antes que ocorra a perda de consciência.
Além disso, o fentanil começa a afetar a respiração cerca de quatro minutos antes de qualquer sinal de alerta e em concentrações 1.700 vezes menores do que outras drogas que causam sedação.
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No contexto médico, quando usado sob controle durante uma operação, a supressão da respiração não é problemática, já que a pessoa é entubada e seus pulmões são inflados artificialmente para simular a respiração.
No entanto, o estudo de Harvard demonstra que qualquer quantidade de fentanil fora de um ambiente médico controlado é extremamente perigosa.
Além disso, o fentanil frequentemente é adulterado com outras substâncias químicas em contextos recreativos, tornando seus efeitos imprevisíveis e potencialmente letais.
A mistura com estimulantes, por exemplo, pode acelerar a liberação de dopamina e impactar ainda mais a função respiratória.
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