A empresa californiana HereAfter investe na possibilidade de criar um ‘eu virtual’ para futuras conversas com pessoas que já se foram
Todo mundo já imaginou, pelo menos uma vez na vida, em algum dia poder conversar com os mortos e suprir a saudade. Séries e filmes de Hollywood já abordaram este tema em diversas produções, mas agora isso está deixando de ser ficção.
A empresa estadunidense HereAfter, com sede na Califórnia, criou um app para celulares que conversa com os usuários e pede por histórias de vida. Quando contadas, o sistema, comandado por uma inteligência artificial (IA), armazena os dados para criar uma cópia virtual do usuário. Por isso, as pessoas podem conversar com o perfil mesmo após sua morte na vida real.
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No entanto, o fato gera grande polêmica entre psicólogos que lidam com o processo do luto. O principal argumento é de que a tecnologia pode intensificar os sentimentos de tristeza e saudade, ao invés de supri-los.
A brasileira Gabriela Casellato, psicóloga com especialização em luto pela PUC-SP, diz que o efeito do app pode se assemelhar ao de vício em drogas:
“Um app usado livremente pelo enlutado estaria a serviço de suas angústias e desespero diante da saudade, impedindo o desenvolvimento de recursos pessoais de enfrentamento. Por mais difícil que seja conviver com a ausência de quem amamos, disfarçar ou distorcer a realidade pode ser muito perigoso para a saúde mental, pois adia e potencializa a dor e compromete o ajustamento à vida e às relações sociais” – debate a psicóloga.
A HereAfter oferece uso gratuito do app por até 14 dias. Nele, o usuário conversará com a IA sobre a própria vida, respondendo perguntas como em uma entrevista. O app dá a liberdade ainda de subir fotos e contar histórias sobre elas.
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