A fila de recursos e revisões aumentou 32% em menos de um ano
Não é novidade que a inteligência artificial está cada vez mais presente em nossa vida. A situação não é diferente no Instituto Nacional do Seguro Social, que também adotou o uso de uma IA, o robô do INSS.
Essa tecnologia foi implementada em maio de 2022, com o objetivo de analisar pedidos de benefícios, como aposentadorias, pensões e auxílios-doença. A IA analisa se o cidadão tem ou não direito ao benefício solicitado, e substitui servidores que faziam essas análises após o fim do contrato temporário.
No entanto, apesar de dar sequência ao trabalho dos servidores, o robô não tem ajudado as pessoas que solicitam os benefícios. Desde a implementação da tecnologia até agora, os números mostram que, ao invés de diminuir a fila de espera por aprovação, a IA aumenta a lista de segurados que aguardam algum recurso.
Na prática, isso significa que a inteligência artificial tira os brasileiros da fila de pedidos para colocar na de recursos.
Portanto, enquanto a fila de requerimentos de benefícios caiu 25%, a fila de recursos e revisões aumentou 32%.
Além disso, a espera pela decisão do INSS sobre os recursos de pedidos negados é de cerca de 589. Ou seja, são quase dois anos sem resposta.
Esse aumento e a espera longa se devem ao funcionamento do robô do INSS, explicado logo abaixo.
Como funciona a Inteligência Artificial do INSS
Dentro do site Meu INSS, é preciso responder a várias perguntas para fazer a solicitação, todas de “sim” ou “não”. Em seguida, a IA analisa suas respostas e dá o encaminhamento.
A inteligência artificial utiliza os dados existentes nas bases da administração pública de forma automática. A base de dados utilizada pelo robô é o extrato previdenciário CNIS, Cadastro Nacional de Informações Sociais do INSS. Os problemas começam se, na hora da análise, a IA se depara com algum erro nesse documento.
O exemplo mais comum é ter vínculo em aberto, com data de início e sem data fim. Neste caso, o INSS vai desconsiderar esse tempo de trabalho e contribuição, com duas consequências:
- Pode faltar tempo para fechar os requisitos necessários
- Pode ter benefício ser concedido com valor menor do que deveria
Além disso, robô não analisa o tempo real de contribuição do segurado nas seguintes situações de quem:
- Trabalhou com atividades expostas a agentes nocivos e recebeu insalubridade
- Prestou serviço militar e poderia incluir esse tempo para fins de benefícios previdenciários
- Se tornou uma pessoa de deficiência e pode usar essa condição para melhorar o benefício
- Trabalhou como professor(a)
- Poderia contar com a reafirmação da DER (Data de Entrada do Requerimento)
- Poderia contar com ações trabalhistas ganhas
- Inclusão de tempo sem carteira assinada, ou tempo rural.
Em suma, o robô só funciona para quem tem os dados completamente regularizados, sem indicação no CNIS e não possui tempo diferenciado ou especial.
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Quem sempre trabalhou na mesma empresa, com todos os recolhimentos contabilizados, sem falhas, atrasos ou lacunas, provavelmente não vai ter problemas em conseguir aprovação da inteligência artificial.
No entanto, a recomendação é que você conte com a ajuda de um especialista previdenciário para não entrar na lista de 75% de requerimentos negados pelo INSS.
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