A tragédia marcou para se,pre a vida de Talissa e os moradores de Rodeio
Com o tom de voz baixo, assim como o olhar, a expressão corporal denota que Talissa, agora moradora de Indaial, no Médio Vale do Itajaí, carrega muita dor e sofrimento. Aliás, não é para menos. No começo do mês de janeiro deste ano, ela perdeu as filhas Melissa de 04 anos, Helena de um ano e meio e o esposo Giovani Oliveira de 30 anos, durante a enxurrada que atingiu o município de Rodeio.
Mesmo abalada, ela conversou com o repórter Osmar Fohlmeister, do Portal Misturebas. Com as mãos fechadas durante a entrevista, talvez procurando ali forças para recomeçar. Talissa explica que após a tragédia não conseguiu voltar para a área em que residia.
“Morávamos a cerca de 10 dias na casa, éramos caseiros do local”, explica.
Talissa não sabia, mas o dia 17 de janeiro, mudaria completamente sua vida. “No dia do acidente, foi um dia de muita paz, não sei explicar”, relembra. A filha Melissa, parece que entendia que aquilo era uma despedida. “Ela chegou do nada e disse ‘eu amo jesus'”, recorda. Isso aconteceu por volta das 13h.
A chuva em Rodeio
Por volta das 17h, Giovani mandou mensagem para o pai de Talissa, seu sogro, mostrando a “cachoeira” que se formou na propriedade pelo grande volume de chuvas. Mal sabiam, que pouco tempo depois aquela família seria separada de uma forma definitiva. Talissa estava no trabalho.
Porém, às 21h25, ela enviou uma mensagem para o marido, que não respondeu. Ela estava sem internet. Ou seja, quando o sinal voltou por volta das 22h, soube pelo Portal Misturebas que Rodeio estava com alagamentos e que o pior poderia estar acontecendo, já que o marido não respondia e não visualizava as mensagens.
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“Entrei em contato com o pai dele, o proprietário da casa, ninguém sabia de nada”, disse aflita. Pouco tempo depois, Talissa conseguiu carona para voltar para casa, e viu o rastro de destruição que havia se tornado o bairro do pico.
“Era muita água, muita terra. Mesmo vendo aquilo, acreditei que eles estariam me esperando. Eu chegaria em casa, tomaria um banho. Caso eles tivessem descido o morro, procuraria”.
O choque
Contudo, a vida de Talissa voltou ao mundo real quando ela começou a encontrar objetos da sua casa no meio da lama.
Diante disso, tudo ficou mais claro e ao mesmo tempo mais confuso, quando ela confundiu a sua casa com a do vizinho.
Emocionada, Talissa conta que após caminhar alguns metros, ficou de frente ao local que era sua casa, e viu que existia apenas um buraco, o pior havia acontecido. “Eu queria chorar, mas só conseguia gritar”, lembra. As pessoas que estavam ao seu lado a motivaram, mas as suas forças tinham sumido.
“Gente, cadê a minha casa? Pergunta Talissa”
Com a ajuda de vizinhos, Talissa conseguiu descer o morro.
Visto que, as 06h do dia 18, uma vizinha encontrou o corpo do marido e pouco tempo depois a Melissa foi localizada pelos Bombeiros. Outra vizinha encontrou a filha menor, uma semana depois.
Apesar disso, Talissa recorda que se o deslizamento tivesse ocorrido na quarta-feira (seu dia de folga), ela teria morrido. A demora para localizarem o corpo da filha menor foi angustiante. Passado o impacto inicial, Talissa acredita que todos os acontecimentos, por mais terríveis que possam ter sido, possuem um propósito. “Minha fé em Deus me segura, por mim, com certeza não estaria mais aqui”, comenta.
Hoje, Talissa busca forças na igreja e na fé. “Sei que a alma deles estão com o senhor. Eles estão me esperando”. Quando questionada sobre o que fará a partir de agora, Talissa não sabia o que responder.
Por fim, com a serenidade de quem encontrou na fé o caminho, Talissa deixa uma mensagem.
“Deus não explica, ele conforta. Busque a presença do senhor”
Assista a entrevista na íntegra:
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