Confrontos pesados entre a população e a Polícia se estendem desde dezembro e tiveram agora seu auge
Na noite de quinta (19), a situação no Peru literalmente pegou fogo. Manifestantes incendiaram um prédio na capital Lima, uma delegacia e a sede do Poder Judiciário.
De acordo com a Defensoria do Povo, um homem e uma mulher acabaram baleados durante protestos em Macusani, região de Puno. O homem ficou em estado grave, com a bala alojada no tórax. A mulher não resistiu e morreu.
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Na capital do país, Lima, a Polícia conseguiu evitar que os protestantes chegassem ao Congresso Nacional com o uso de gás lacrimogêneo. Na Avenida Abancay, o confronto aconteceu de forma violenta, com gás e pedras.
O caos se instalou no país desde quando Pedro Castillo, ex-presidente, tentou um autogolpe de estado e fracassou, em dezembro. Ele recebeu voz de prisão e então, sua vice, Dina Boluarte, assumiu o poder no lugar. A população desaprovou a situação e começou a pedir pela renúncia de Boluarte, assim como novas eleições.
Até o momento, 54 mortes foram registradas desde o início dos protestos. Deste número, o governo destaca 44 vítimas pelos confrontos, nove com relação a bloqueios de estradas e um policial.
“Em Lima, as autoridades mobilizaram 11.800 efetivos nas ruas para controlar os distúrbios, além de veículos militares e de participação das Forças Armadas” – afirmou Víctor Zanabría, chefe da região policial de Lima
O aeroporto de Arequipa, segunda maior cidade do país, também quase acabou invadido. A Polícia mais uma vez utilizou de gás lacrimogêneo para afastar os manifestantes. Todos os vôos da região tiveram que ser cancelados e o aeroporto fechado por tempo indeterminado.
Em discurso presidencial na TV, durante a noite de quinta (19), Dina Boluarte afirmou:
“Ao povo peruano, aos que querem trabalhar em paz e aos que geram atos de protestos, digo: não me cansarei de chamá-los ao bom diálogo, dizendo-lhes que trabalhem pelo país. Todo o rigor da lei vai cair sobre essas pessoas que praticam o vandalismo”
Mesmo rotulada de assassina e genocida pelas mortes de protestantes, a presidente Boluarte afirmou que não renunciará. Ela complementou pedindo perdão por todas as mortes.
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