Família da jovem acusa a Polícia Moral iraniana de espancamento; manifestantes visam revolução e ONU se pronuncia
No dia 13 de setembro, Mahsa Amini, uma jovem iraniana de 22 anos de idade, acabou presa pela Polícia Moral do Irã por usar o hijab (véu islâmico) de “forma errada”, deixando parte do cabelo à mostra. Três dias após misteriosamente ficar internada em coma, ela faleceu.
A família de Amini imediatamente acusou a Polícia de espancamento contra a jovem, uma vez que as leis iranianas sobre as mulheres são extremamente rígidas e desumanas. A morte da mulher provocou reação imediata também da população iraniana, que iniciou protestos violentos por todo o país.
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A “Polícia Moral” do Irã representa a fiscalização dos rígidos costumes do país. Eles fiscalizam o uso dos hijabs pelas mulheres, junto de toda a vestimenta, que deve ser larga para esconder o corpo. Eles também estabelecem um padrão de roupas masculinas e fiscalizam o uso pelos homens.
As mulheres estão cortando seus próprios cabelos em público, simbolizando uma tradição persa (antigamente, o Irã era a Pérsia) de protesto e tristeza. Manifestantes estão encarando a Polícia diretamente com muita violência, e os policiais respondem na mesma moeda.
Segundo dados divulgados pela imprensa internacional, o número de mortes já ultrapassa 416, incluindo mais de 50 crianças. A ONU abriu uma reunião de emergência para falar do caos no Irã. Os Direitos Humanos da organização pediu, nesta quinta (24), para que o governo iraniano pare com o massacre de manifestantes:
“Até onde pudemos dizer, cerca de 14 mil pessoas, incluindo crianças, foram presas no contexto dos protestos. O uso desnecessário e desproporcional da força deve parar. Os velhos hábitos e a mentalidade de força sitiada daqueles no poder simplesmente não funcionam”, proclamou Volker Turk, alto comissariado da ONU.
Khadijeh Karimi, autoridade que serve como porta-voz do Irã, rebateu a ONU na reunião e disse que países como Alemanha e EUA não têm qualquer “credibilidade moral” para pedir por paz:
“Os direitos do povo iraniano foram amplamente violados pelos chamados defensores dos direitos humanos, devido à imposição de sanções unilaterais pelo regime dos EUA e à aplicação dessas sanções cruéis por países europeus, especialmente Alemanha, Reino Unido e França”
Shima S., uma manifestante, informou à imprensa que eles não podem parar os desejos da população, e que a cada dia as movimentações ganham mais força:
“Todos os dias o número de participantes nos protestes aumenta. Tomamos as ruas, gritamos slogans a partir de nossas casas, pichamos paredes e distribuímos folhetos. Acredito que essa é uma revolução, porque está em nossas mentes e corações. Não retrocederemos de forma alguma, pois cerca de 17 mil pessoas foram presas e algumas são torturadas. O sistema judicial prepara a pena de morte dos manifestantes, então, se pararmos, morreremos”
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