Francisley Valdevino da Silva teria envolvimento com uma conspiração multimilionária de lavagem de dinheiro
Foi deflagrada na manhã desta quinta-feira pela Polícia Federal, 6, a Operação Poyais, a qual visa aprofundar apuração sobre a prática de crimes contra a economia popular e o sistema financeiro nacional, incluindo estelionato e lavagem transnacional de dinheiro. Uma organização criminosa já movimentou cerca de R$ 4 bilhões No Brasil no Brasil.
As investigações começaram em março de 2022, depois de a Interpol enviar informações e uma solicitação passiva de cooperação policial internacional da Homeland Security Investigations (HSI), vinculada a um dos departamentos da Embaixada dos Estados Unidos em Brasília.
Em janeiro deste ano, a Interpol informou à PF que uma empresa internacional com atuação nos Estados Unidos, e o principal gerenciador dela, Francisley Valdevino da Silva, morador de Curitiba, no Parná, eram investigados pela Força Tarefa de El Dorado, a El Dorado Task Force, da HSI de Nova Iorque.
Francisley teria envolvimento com uma conspiração multimilionária de lavagem de dinheiro, a partir de um esquema de pirâmide de investimentos em criptoativos.
De posse das informações e do pedido de cooperação policial internacional, as investigações começaram na capital paranaense. Apurações iniciais revelaram que o brasileiro tinha mais de 100 empresas abertas no país e que o grupo empresarial dele estaria lesando investidores nacionais e do exterior.
Promessas de lucro
No Brasil, o investigado iludiu milhares de vítimas que acreditavam nos serviços prometidos pelas empresas dele, entre eles o aluguel de criptoativos com pagamento de remunerações mensais, prometendo retorno de até 20% do valor inicialmente investido.
Ele alegava ter vasta experiência no mercado de tecnologia e de criptoativos e, assim, levava os clientes ao erro. Dizia também ter uma equipe de traders que faziam operações de investimento com as criptomoedas alugadas e, por isso, geravam lucros capazes de cobrir o pagamento dos rendimentos.
Ao longo da investigação, ficou comprovado que o homem constituiu organização criminosa – inclusive com muitos familiares, que eram funcionários das empresas – para se apropriar dos valores investidos, tanto em reais quanto em criptomoedas, pelas vítimas da fraude.
As apurações constataram que, com parceiros no exterior, o grupo promovia fraudes semelhantes nos Estados Unidos e em, ao menos, outros 10 países, focadas em marketing multinível.
Ostentação
Outra estratégia identificada pelos investigadores foi a criação de criptomoedas próprias, também comercializadas por meio das empresas e com promessas de retornos mensais extravagantes. As vítimas, porém, não as receberam.
Enquanto o investigado e a organização criminosa usavam uma parte dos recursos de clientes para o pagamento dessas remunerações, o restante servia para a compra de imóveis de alto valor, carros de luxo, embarcações, roupas de grife, joias, viagens e diversos outros gastos.
Cerca de 100 policiais federais, além de servidores da Receita Federal, cumprem 20 mandados de busca e apreensão expedidos pela 23ª Vara Federal de Curitiba (PR).
A Justiça também determinou o sequestro de imóveis e o bloqueio de valores dos investigados.
O cumprimento das ordens judiciais ocorre nas cidades de Curitiba, São José dos Pinhais (PR), Governador Celso Ramos (SC), Barueri (SP), São José do Rio Preto (SP) e Angra dos Reis (RJ).
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Poyais – o que significa o nome da operação
O nome da operação faz referência à grande fraude cometida na Inglaterra, no século 19, por um soldado escocês que enriqueceu com a venda de títulos, por meio de uma campanha publicitária elaborada sobre um país que nunca existiu no mundo real.
De forma semelhante, o principal investigado da Operação Poyais enriqueceu com a venda de promessas de lucros, a partir de serviços que nunca foram prestados, com elaborados expedientes fraudulentos e a criação de diversas criptomoedas.
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