Especialista explica as rotinas do bebê normal, desde o seu nascimento até completar os primeiros 30 dias.
O nascimento do bebê é o marco de um longo período de espera com misto de alegria e apreensão para a família. Seja após horas de trabalho do parto normal ou de uma cesariana, o desfecho dessa espera é o bebê e a mamãe estarem bem e saudáveis. No entanto, há muitas curiosidades em torno dos primeiros dias após o nascimento, e quem esclarece melhor algumas dúvidas é o Pediatra da Clínica Tempo, Flavio Steinhorst.
“É importante entender a saúde do bebê e estar atento a todos os cuidados necessários em determinadas fases”, explica o médico. A seguir, ele conta passo a passo – a partir do primeiro atendimento em diante, com o recém-nascido. Confira!
Primeiro dia – Na sala de Parto:
O recém-nascido é atendido pelo Obstetra, que oferece os primeiros cuidados facilitando o início dos movimentos respiratórios, é quando ouvimos o primeiro choro do bebê. Em seguida, faz o clampeamento do cordão umbilical, podendo então o bebê ser colocado para o primeiro contato pele a pele com a mãe. Logo após, ele é direcionado ao pediatra, que recepciona o recém-nascido em campos aquecidos e o encaminha ao berço para fazer os demais procedimentos, tais como exame físico detalhado, medidas e pesagem.
Nesta hora nosso personagem principal já recebe a primeira injeção, de uma medicação para evitar doença hemorrágica. Não é vacina – esta, virá logo em seguida, para proteção contra hepatite. Enquanto tudo isto acontece, a mais nova mamãe está sendo atendida na sala de parto para que esteja nas melhores condições para ter o filho em seus braços. Todo este processo é seguido de perto pelos olhos atentos do pai ou o acompanhante que a mãe escolher.
Primeiro dia – No quarto:
Enfim os três são encaminhados para o quarto, onde se dará o processo de amamentação, primeira troca de fralda, banho e o melhor – a contemplação do milagre. Aquele serzinho pleno no berço ou no colo dos pais. A cada troca de fraldas os pais são orientados a cuidar do cordão umbilical com álcool 70% e não veem a hora dele cair, o que vai acontecer em torno de 7 a 10 dias.
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Mas a maior preocupação é a amamentação que nem sempre é um processo fácil e natural, exigindo auxílio, cuidados, muita paciência e força de vontade. Uma vez estabelecida, com a amamentação vem o desconforto com choro e cólicas, que podem ocorrer porque os órgãos internos são novos e estão aprendendo a fazer a digestão. Muitas vezes, quando a criança começa a chorar sem parar, os pais ficam apreensivos e desesperados, o bebê começa a perceber e sentir o nervosismo dos pais e fica mais inseguro ainda.
Enquanto o bebê ainda está sob cuidados do berçário, além da amamentação, se observa a coloração da pele, onde o bebê pode apresentar-se amarelado, devido a icterícia neonatal decorrente, principalmente, de incompatibilidade de sangue materno como o do recém-nascido, mais facilmente observado nos olhos (esclera) e com o passar dos dias pode se espalhar pelo corpo. Dependendo da velocidade da progressão poderá ser necessário tratamento com luzes, que chamamos de fototerapia. Neste caso o bebê deverá ficar mais tempo no hospital. Curiosamente há um mito popular que considera que o uso de roupas amarelas pode evitar ou prevenir que a icterícia aumente. Lembre-se: é mito.
Em casa
Outra preocupação é com o período de sono – “a noite parece que não tem fim”. O padrão do sono do bebê é diferente do adulto, sendo os períodos de dormir e despertar bem mais curtos, ocorrendo ciclos repetitivos mais frequentes durante as 24h. Isso o leva a uma situação interessante no primeiro mês que é a inversão do dia pela noite, onde o bebê geralmente está mais agitado, mais ativo ou até choroso no período da noite e tem soninho mais tranquilo durante o dia, fato que estimula a glândula pineal a produzir os hormônios que vão desencadear o processo de lactação. Esta glândula trabalha no período noturno e o gatilho é o esvaziamento da mama nesse horário.
Com o passar de 25 a 30 dias não será mais necessário este estímulo noturno e o bebê passa a ter um ritmo circadiano normal, passando a ficar mais acordado durante o dia. Este fenômeno se dá instintivamente, ou seja, o bebê “nasce sabendo” que tem que provocar mais a mãe durante a noite. Então a mãe, sabendo disso, deve aproveitar o soninho diurno do bebê para descansar também, já que a noite vai ser agitada. Esta condição gera uma situação bastante comum, que na cultura popular, faz com que as vovós orientem as puérperas a colocar roupas ao contrário nos bebês para não inverterem o dia com a noite, o que vai se resolver naturalmente com o passar dos dias. Ou seja, outro mito aqui.
É importante ressaltar que nos primeiros cinco dias de vida o bebê perde peso em relação ao nascimento. Isso é totalmente normal e a recuperação ocorre até, em torno, do 15º dia se a amamentação estiver estabelecida de forma efetiva. Na prática, observamos ganho de peso adequado já no 10º dia, pois os bebês sedentos acabam mamando mais que o necessário, levando a vômitos e/ou regurgitações de leite com bastante frequência, podendo por vezes, dar aquele susto, com engasgos que merecem um posicionamento adequado e até tapinhas nas costas para alívio, o que acontece na maioria das vezes, já que o reflexo da tosse também os auxilia.
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