Associação de importadores de pneus aprovou a medida mas entende que são necessárias outras ações para conter inflação de pneus.
O presidente Jair Bolsonaro anunciou em sua live semanal da última quinta-feira (14/01) que vai zerar a tarifa de importação de pneus para beneficiar caminhoneiros. A redução no Imposto de Importação de 16 para 0% atende parte das reivindicações da categoria, que vem manifestando insatisfação com a perda de receita em função da falta da definição de um preço mínimo do frete, além do aumento das despesas com diesel, pneus e outros custos operacionais.
O pneu é o segundo item mais caro no custo de manutenção do caminhão e vem sofrendo alta nos preços em função da disparada no frete internacional marítimo. O custo para o transporte de um contêiner carregado de pneus da Ásia para o Brasil, que custava em média US$ 2,5 mil, subiu vertiginosamente a partir do segundo semestre de 2020 e atualmente está em US$ 8 mil. Os importadores ainda estão sendo obrigados a pagar uma taxa de US$ 1,5 mil para reservar espaço nos navios.
A Associação Brasileira dos Importadores e Distribuidores de Pneus (Abidip) enalteceu a decisão de zerar o imposto de importação de pneus de caminhão, mas considera que a medida irá apenas compensar a disparada do frete internacional. Para que haja efetiva redução do preço do pneu na ponta seriam necessárias outras medidas, segundo o presidente da Abidip, Ricardo Alípio da Costa.
“Existe uma tarifa antidumping para pneus trazidos da China, e também, para pneus provenientes dos demais países asiáticos que foi instituída para proteger a indústria pneumática nacional. Para o pneu chinês essa tarifação é até compreensível em razão da política industrial daquele país, que não tem como competir. Mas para a importação dos demais países asiáticos, que são economias de mercado como o Brasil, a tarifa antidumping não se justifica e entendemos que deva ser abolida imediatamente”, disses Alípio.
A resolução da Câmara de Comércio Exterior (Camex) que impõe tarifa antidumping para importação de pneus da Ásia – exceto China – vence agora no início de março. A associação dos importadores de pneus está somando esforços com entidades representativas dos caminhoneiros para pedir que ela não seja renovada. Uma carta com essa e outras reivindicações será entregue no Ministério da Infraestrutura já na próxima semana.
Disparada do frete internacional
Os importadores de pneus vêm denunciando a disparada do frete internacional marítimo e suspeitam que esteja ocorrendo prática abusiva por parte dos armadores (donos de navios) de retirar embarcações e contêineres de circulação para inflar artificialmente os preços. Os importadores querem que o governo leve esta suspeita para investigação da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Os armadores já se manifestaram na imprensa alegando que o aumento é natural decorrente de um “superaquecimento da demanda por transporte marítimo internacional” após as medidas mais restritivas da pandemia. Informaram também que, inclusive, aumentaram o número de navios operando Ásia-Brasil. Esta informação está sendo apurada pela Abidip.
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