A Polícia Civil de Gaspar também instaurou um inquérito para apurar os fatos que envolvem a morte do jovem.
A família do jovem de 16 anos, Gabriel Mafra, morto pela Polícia Militar durante uma ação de patrulhamento, no último sábado, 12 de outubro, apresentou uma versão diferente sobre o que teria acontecido na noite em que o jovem morreu. Ele foi abordado junto com o irmão gêmeo no porão da casa da mãe, no bairro Margem Esquerda, em Gaspar
Segundo a tia dos rapazes, Zenir Mafra, a polícia estaria mentindo ao afirmar que o jovem teria envolvimento com o tráfico de drogas e que ele teria puxado uma arma para atirar nos policiais e que por esse motivo teria sido alvejado por dois disparos. Contudo, os familiares apontam que não sabem o motivo que levou os policiais a dispararem.
Ela reconhece que Gabriel seria usuário de drogas, mas nega que ele era traficante. Diz ainda que Gabriel tinha emprego fixo e era funcionário de uma confecção na qual trabalhava em período integral, segundo ela.
Além disso, ela conta que o rapaz não tinha arma nenhuma no momento em que a polícia chegou e que a única coisa que ele tinha na mão era a carteira, já que ele e o irmão iam a um posto de combustíveis comprar um refrigerante, pois haviam acabado de jantar.
– Eles estavam saindo para comprar um refrigerante. Eles chegaram em um carro escuro, não deram voz de prisão, não falaram nada. O Gabriel estava com a carteira na mão, e atiraram direto no peito dele e ele caiu no chão. O irmão dele, que estava no portão saindo, correu para o lado de dentro e o policial ainda entrou pra pegar ele e o policial ia atirar nele. Aí chegou um vizinho e disse que tinha câmeras no local – revela a tia dos rapazes.
Zenir ainda afirma que policias entraram na casa e reviraram vários cômodos em busca de drogas e armas. Ela defende que não havia arma alguma no local, nem que houve troca de tiros. A família contratou um advogado que está juntando provas para apresentar à Justiça a versão da família.
– Eu não sei por que eles atiraram. Estamos buscando respostas. Já contratamos um advogado e vamos provar que o Gabriel era inocente – conta Zenir.
O irmão de Gabriel chegou a ser apreendido e encaminhado até a Central de Plantão Policial, no bairro Garcia, em Blumenau. Lá ele prestou depoimento e foi liberado em seguida.
Gabriel foi pai na sexta-feira
A filha de Gabriel, com a namorada com quem o jovem morava, nasceu na sexta-feira, dia 11, um dia antes dele morrer. Agora, a família alega que está encontrando dificuldades para registrar a menina recém-nascida com o nome do pai.
O dinheiro encontrado com Gabriel quando foi morto, seria, segundo a família, valor do pagamento que o jovem recebeu e mais uma quantia que ele havia ganho do padrinho para ajudar com os custos da maternidade, quando a namorada voltasse para casa.
O jovem foi enterrado na manhã desta segunda-feira (14), a namorada voltou para casa no domingo (13).
Polícia Militar mantém versão
A reportagem entrou em contato com o comandante da Polícia Militar em Gaspar, Major Pedro Caros Machado Júnior. Ele afirmou que um inquérito Policial Militar foi aberto para apurar as circunstâncias, como é de praxe em casos em que há mortes.
O Major apontou também que os policias que estavam na ação serão ouvidos e que entende que a família questione a ação, o que é natural na visão dele. Mas que por enquanto, a versão sobre os fatos, de que o jovem teria puxado uma arma durante a abordagem, está mantida até o momento.
Além disso, o Major confirmou que viaturas descaracterizadas são usadas pelos policiais na região, já que um sistema de câmeras de videomonitoramento auxilia alguns traficantes que a polícia está chegando e acabam abandonando o local.
A Polícia Civil de Gaspar também instaurou um inquérito para apurar os fatos que envolvem a morte do jovem.
Fonte: NSC | Foto: Zenir Mafra/Arquivo pessoal
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