Cirurgias são sempre delicadas, requerem atenção, cautela e sobre tudo precisão. Pensando nisso, a direção do Hospital Santa Isabel apresentou à imprensa ontem o Da Vinci Si, o primeiro robô cirurgião de Santa Catarina, com a iniciativa de juntar duas das mais importantes áreas do conhecimento humano: tecnologia e medicina.
O equipamento poderá ser usado em cirurgias de maior complexidade em regiões de difícil acesso, como explicam os médicos à frente do projeto. A região pélvica é um exemplo. Inicialmente o aparelho será usado em cirurgias de retirada de próstata e de endometriose. Ele pode atuar ainda em procedimentos de cardiologia, neurologia e cirurgias vasculares.
O robô, já instalado em um dos nove centros cirúrgicos do hospital, possui três componentes. O primeiro deles é uma central computadorizada, que processa todas as informações da operação. A segunda é uma de cadeira, onde o médico ficará sentado, com a cabeça encostada em uma espécie de óculos de realidade virtual, segurando dois controles com rotação em 360 graus nas pontas dos dedos, simulando o manuseio das ferramentas e os movimentos das cirurgias.
O terceiro componente é onde ficam os braços do robô: uma peça robusta e futurista, composta por quatro membros mecânicos encolhidos, ainda à espera da primeira operação. Nas extremidades dos braços, existe um tipo de “mão”, onde serão acopladas as pinças e os utensílios.
Engana-se quem pensa que o robô poderá substituir o médico cirurgião. A parte humana dos procedimentos cirúrgicos ainda continuará sendo fundamental para o sucesso das intervenções. O equipamento é totalmente controlado por um médico não funciona sozinho.
Segundo a assessoria de imprensa do Hospital Santa Isabel, o investimento feito pela instituição é de cerca de R$ 12 milhões, conseguidos através de parcerias com o fabricante do equipamento no Brasil. O custo das operações com o robô varia de acordo com cada procedimento a ser feito.
A montadora é americana e tem acesso simultâneo, 24 horas por dia, às informações das cirurgias, incluindo o vídeo do procedimento. Para o responsável pelo programa de Cirurgia Robótica do Hospital, Pedro de Abreu Trauczynski, a conquista é importante para a região e para o Estado, já que as cirurgias através do robô são bastante procuradas pelos paciente.
– Fizemos o trabalho de pesquisa de viabilidade do mercado e constatamos que apenas no ano passado, 180 pacientes tiveram que se deslocar até São Paulo para fazer o procedimento da cirurgia robotizada. É um serviço importante, que traz maior conforto e torna a cidade referência nessa área – afirma Trauczynski.
A direção do hospital afirma que médicos de outros estados do país já fizeram contato interessados nesse tipo de serviço. O robô, que ainda não foi inaugurado, já possui cirurgias marcadas para o fim deste mês.
QUEM PODERÁ SER OPERADO PELO ROBÔ
A direção do hospital afirmou que vem negociando parcerias com empresas que possam financiar as cirurgias através do robô para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, afirmou também que está aberta a empresas que queiram entrar no acordo, que teria retorno comercial. Mesmo sendo um hospital filantrópico, inicialmente o robô será usado apenas em operações de pacientes particulares ou que possuem plano de saúde.
Trauczynski diz ainda que algumas operadoras dos planos já acertaram o procedimento com a direção da unidade, mas que os materiais de determinadas cirurgias ainda não estão na lista da Agência Nacional de Saúde (ANS), e por isso ainda não ganham cobertura completa das operadoras e teriam que ser custadas pelo paciente.
Fonte: NSC | Por Nathan Neumann | Foto: Gabriel Silva/Comunicação HSI
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