A Vigilância Sanitária Estadual interditou a UTI da Unidade Padre Pio no Hospital Marieta Konder Bornhausen, em Itajaí, que tem 13 leitos ativos. A unidade serve como apoio, quando a lotação é completa na UTI principal. Em nota, a Vigilância informou que o espaço não estava regularizado para funcionar como unidade de tratamento intensivo, mas como área de observação para pacientes vindos dos atendimentos de urgência e emergência.
A nota afirma, ainda, que “a unidade Padre Pio não possui estrutura física, equipamentos e equipe profissional compatível com uma UTI, além de não ter sido habilitada pela regulação”.
A interdição ocorreu na quarta-feira, 4 de junho, mas só veio à tona depois que o hospital encaminhou um ofício à Câmara de Vereadores de Itajaí para informar sobre o caso, na quinta-feira à noite. O comunicado diz que o hospital pactuou com a Secretaria de Estado da Saúde no ano passado, por meio Superintendência de Regulação e da Diretoria de Planejamento, Controle e Avaliação do SUS, as regras para o reconhecimento dos leitos como UTI.
Diante da falta generalizada de vagas – na região, além do Marieta apenas o Hospital Ruth Cardoso, em Balneário Camboriú, tem leitos públicos de UTI – o Estado teria autorizado o funcionamento provisório dos leitos, enquanto corria o processo de credenciamento.
Faltam recursos
Neste período, foram solicitadas algumas alterações na estrutura, que o hospital não tem recursos para fazer. O projeto é avaliado em R$ 4 milhões.
Desde setembro, o Marieta não recebe os repasses do Estado pelo uso dos leitos de UTI da unidade Padre Pio, que representam cerca de R$ 200 mil por mês.
Leia a nota do hospital:
“A Direção do Hospital Marieta salienta que a Clínica Padre Pio atuou por 14 meses, garantindo o atendimento a aproximadamente 1.863 pacientes críticos que necessitavam de uma vaga de maior monitoramento médico, até que fossem regulados e transferidos via SISREG. Esteve em funcionamento neste período graças à formalização de documento firmado entre o Hospital Marieta, Município de Itajaí e Estado de Santa Catarina, por meio de suas Secretarias da Saúde. O fechamento atual, por determinação da Vigilância Estadual da Saúde, refere-se a questões burocráticas e estruturais. Com esta ação, são extintos 13 leitos que devem voltar a funcionar apenas para observação, em casos de pacientes com menor complexidade no atendimento. Para as adequações do espaço, o hospital já possui um pré-projeto, porém não apresenta condições financeiras para executá-lo, pois os valores ultrapassam 4 milhões de reais”.
Pacientes são transferidos
O Hospital Marieta faz mais de 75 mil atendimentos por mês, 92% pelo SUS. Com a interdição, os pacientes internados permanecem até receberem alta, e novas internações não são aceitas. Na quinta-feira, um paciente precisou ser transferido de Itajaí para um hospital em Araranguá, a uma distância de 300 quilômetros, por falta de leitos de UTI.
As transferências são feitas pela UTI móvel do Samu. São duas ambulâncias desse tipo em Itajaí – a cada transferência, apenas uma ambulância com equipe completa (incluindo médico) fica disponível para os demais atendimentos.
Fonte: NSC | Por Dagmara Spautz | Foto: Marcos Porto
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