A Escola Básica Municipal Lauro Müller, em Blumenau, se prepara para disputar a Olimpíada Brasileira de Robótica. Será a segunda vez que o colégio participa da prova prática da competição. A diferença, entretanto, está na quantidade de equipes mobilizadas. Com o sucesso do trabalho desenvolvido em sala de aula, o projeto multidisciplinar ganhou apoio, e a unidade deve levar pela primeira vez três grupos para o evento, que está nas fases regionais e tem a etapa nacional prevista para ocorrer em outubro, em Rio Grande (RS). A escola estreou na olimpíada com apenas um, no ano passado.
Os robôs apresentados com orgulho pelos alunos Pablo, Samira e Kevin mostram o quanto a inciativa deu certo na unidade de ensino. O trio foi além de construir o que era proposto nas competições estaduais e fez outro robô para homenagear um amigo: trata-se de um carrinho de controle remoto comandado por um aplicativo no celular deles. Para quem está fora desse universo, parece brincadeira dedicar horas à criação de robôs que sigam demarcações no chão e que desviem de obstáculos. A verdade, porém, é outra. Os alunos aprendem sobre ciências, tecnologia, engenharia e matemática. E para alguns, pode se transformar em uma profissão:
– Quero ser programador e a escola me oportunizou mais conhecimento. Tanto que o que sei fazer de melhor é a programação dos robôs – garante Kevin Cavalheiro, aluno do 9º ano.
O ensino da robótica na EBM Lauro Müller iniciou em agosto de 2017, de forma embrionária, com materiais alternativos. Para o primeiro carrinho autônomo, por exemplo, os alunos usaram garrafas de plástico e borracha. Os semáforos vieram em outra fase, quando o colégio comprou placas de arduino e um simulador de circuito e programação on-line.
O trabalho fez tanto sucesso que chegou ao conhecimento de uma empresa blumenauense com foco em robótica educacional, que conseguiu a doação de material com uma escola particular da cidade. De lá vieram os kits elaboradores exclusivamente para construção de robôs no ambiente pedagógico que são usados atualmente na unidade de ensino, além da formação técnica para o professor.
A história do colégio com a robótica surgiu da curiosidade dos estudantes e a direção acreditou na proposta.
– A ideia veio dos próprios alunos. A gente observava no dia a dia os anseios que eles têm. E aí começamos a proporcionar esses desafios. Eles não querem mais algo pronto, querem participar da construção do conhecimento, entender como funciona e demonstrar a criação – conta o professor Delvaine Pussinini.
Ele é quem comanda os estudos no contraturno escolar e teve a iniciativa de levar a robótica para a escola depois de ouvir uma conversa entre dois estudantes durante a aula de informática. Este ano a escola ganha outro reforço. Por meio de uma parceria com o Instituto Federal Catarinense (IFC), os alunos vão participar de oficinas de programação.
– Nosso ganho é com o uso de ambientes apropriados para o estudo desse campo de conhecimento. O IFC tem laboratórios, biblioteca e profissionais preparados para trabalhar com mais amplitude determinados conhecimentos. Além de tornar esses ambientes mais próximos dos alunos – defende o professor Pussinini.
Segundo a Secretaria Municipal de Educação, a EBM Lauro Müller é única da rede atualmente dedicada ao estudo da robótica, mas outras trabalham para inserir o tema no currículo escolar. Outra iniciativa que envolve a administração municipal envolve uma parceria com o Instituto Bosch, para que os alunos da EBM Vidal Ramos tenham aulas no Espaço Maker do Sesi. A implantação de projetos similares em outras unidades de ensino ainda está em estudo.
Pomerode aderiu ao ensino da robótica na rede pública em 2018
Em Pomerode, a administração municipal inseriu o ensino da robótica na disciplina de Empreendedorismo Educacional. O trabalho começou no segundo semestre do ano passado, com os alunos do 9º ano das oito escolas da rede pública municipal. Em 2019, virou atividade de contraturno escolar. Cada colégio tem 28 vagas, que são prioritárias aos estudantes do último ano do ensino fundamental. Quando há disponibilidade, alunos do 8º ano também podem participar. Ao todo, 224 adolescentes são contemplados.
Em abril, Pomerode teve uma seletiva da Robotics Experience. Após uma disputa acirrada entre cerca de 100 alunos, duas equipes da rede pública municipal se classificaram para etapa nacional. A competição está marcada para o próximo dia 25, em Blumenau, quando alunos da EBM Lauro Müller também marcarão presença. A Secretaria de Educação de Pomerode defende a implantação da robótica com base nos benefícios promovidos:
– Entende-se que a robótica estimula a curiosidade e a imaginação dos alunos, o que acaba por favorecer a aprendizagem, a tomada de decisões e a ter responsabilidades. Ou seja, aprendem conceitos, trocam ideias e se desenvolvem criticamente e criativamente – afirma o secretário Jorge Luiz Buerger.
Fonte: nsc/Por Talita Catie | Foto: Leo Laps
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