Armadilhas feitas com garrafas PET pintadas de amarelo ou azul são mais uma opção que agricultores da região de Caçador, no Oeste do estado, têm para o combate a insetos nas lavouras.
O projeto para uma solução barata e de fácil acesso para esse público-alvo rendeu prêmio a uma equipe da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) da cidade.
Os objetos foram feitos no Laboratório de Entomologia, na Estação Experimental da Epagri de Caçador. A responsável pelo projeto é a pesquisadora e engenheira agrônoma Janaína Pereira dos Santos, que começou a fazer estudos sobre as armadilhas há oito anos.
“Em 2016, quando eu vi que poderia ter algum potencial, fiz um experimento a campo para validar a pesquisa”, contou a pesquisadora. São cinco pessoas na equipe.
Elas ganharam o Prêmio Expressão de Ecologia, que existe há 26 anos. Os vencedores foram anunciados em 2 de maio e haverá um cerimônia em setembro em Florianópolis para a entrega dos troféus.
Armadilhas
As armadilhas utilizadas no projeto são feitas com garrafas PET de 500 ml. Por dentro, elas são pintadas de amarelo, para atrair moscas, pulgões e besouros, ou azul, para insetos conhecidos como tripes, que se alimentam da seiva das plantas.
Por fora, a garrafa é coberta por um cola. Dessa forma, os animais ficam grudados. As armadilhas são feitas de forma artesanal e a confecção delas é explicada em vídeo pela pesquisadora.
“Tem já armadilhas comerciais, que são plaquinhas adesivas. Pensamos o que poderia substituir as comerciais, porque são muito caras”, disse ela. Após testar outros materiais, como papel-cartão, a equipe chegou na garrafa PET.
“Tem maior durabilidade no campo do que o papel, dura bastante. Você pode reutilizar o material [garrafas] e consegue encontrar facilmente”, afirmou a pesquisadora.
O objetivo da equipe também é a reutilização de garrafas PET e a diminuição do uso de agrotóxicos nas lavouras.
Início
No começo, a equipe fez uma parceria com um restaurante da região para conseguir as garrafas. Depois que moradores ouviram falar do projeto, também fizeram doações.
Sobre a pintura, a pesquisadora explica que “os insetos enxergam determinadas cores nos comprimentos de ondas nos olhos deles. Algumas são mais atrativas para eles, como amarelo e azul. Azul para pragas de várias culturas e amarelo para a maioria dos outros insetos, que confundem [a cor] com flores”.
Em relação às garrafas, foram testados outros tamanhos também, como de 220 ml e dois litros. Porém, as de 500 ml são mais fáceis de fazer do que as maiores e as menores têm pouca área de contato e precisariam ser substituídas mais rapidamente.
A cola usada por fora das garrafas é feita com uma mistura de óleo de soja e breu, material encontrado em casas agropecuárias. O objetivo da equipe é que as armadilhas sejam mais baratas do que as comerciais. Segundo a pesquisadora, o preço delas costuma ser 5,8 vezes menor.
Além disso, as armadilhas comerciais podem ser compradas apenas pela internet e nem todos os agricultores têm acesso à rede.
Depois de prontas, as garrafas podem ser colocadas em qualquer ambiente nas lavouras, geralmente presa pela tampa por um arame e pendurada. As amarelas também podem ficar dentro de casa, contra as moscas.
Elas duram entre cinco e sete dias, dependendo da quantidade de insetos capturada.
Fonte: G1/Por Joana Caldas | Foto: Janaína Pereira dos Santos
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