A cada 10 afogamentos com morte nas praias, rios e lagos de Santa Catarina, pelo menos nove ocorrem em áreas desprotegidas de profissionais guarda-vidas.
É o que revela o relatório de ocorrências registradas pelos bombeiros na última Operação Veraneio e na temporada atual. Ocorreram 36 mortes por afogamento em água doce e salgada entre outubro de 2017 e abril do ano passado.
A nova ação, iniciada em outubro, já tem números que despertam mais atenção: são 38 óbitos,com três meses de temporada pela frente.
Em mais de 90% dos casos, as vítimas se banhavam onde não havia monitoramento de guarda-vidas. Mortes em água doce também foram 55% mais frequentes do que as ocorrências no mar. Na avaliação do comando dos Bombeiros Militares, há uma relação entre essas duas estatísticas.
— Com toda essa disposição de rios, lagos e represas, as pessoas tomam banho nesses lugares.
O afogamento em água doce é muito mais frequente porque é impossível estarmos em todos esses locais – diz o comandante da 1ª Região do Corpo de Bombeiros, coronel Cesar Assumpção Nunes.
Ele aponta também que a falta de prática em natação aliada com a profundidade e correnteza dos rios, o uso de embarcações, às vezes precárias, com tripulação sem os coletes salva-vidas e ingestão de bebidas alcoólicas são fatores que colaboram com o crescimento dos afogamentos no Estado.
Placas de alertas em rios e lagos
Os mais de mil guarda-vidas da Operação Veraneio, explica o coronel, estão distribuídos em maior número na faixa litorânea do Estado, onde há grande concentração de pessoas e melhor aproveitamento do efetivo de salvamento. Dados da corporação indicam que 58% dos cerca de 560 quilômetros de extensão do Litoral catarinense são monitorados.
Como medida de prevenção, parte dos rios e lagoas procurados pelos banhistas, e que não contam com postos de observação, recebe placas de alerta e sinalização, mas não há como garantir que os avisos sejam respeitados.
Segundo o coronel, mesmo no Litoral, os postos de observação são distribuídos de maneira otimizada, o que deixa de fora algumas praias isoladas ou com poucos frequentadores. Em locais com faixa de areia extensa e público reduzido, a observação é reforçada com o uso de quadriciclos.
– Estudamos sempre a possibilidade de ampliar, mas o recurso escasso e a capacidade de construção de postos guarda-vidas é muito complicado. Não é possível ter postos em áreas praticamente isoladas – aponta o comandante.
OPERAÇÃO VERANEIO EM NÚMEROS
- 2 AVIÕES
- 2 HELICÓPTEROS
- 24 LANCHAS
- 37 QUADRICICLOS
- 37 MOTOAQUÁTICAS
- 51 VIATURAS
- 384 POSTOS DE OBSERVAÇÃO
- 1.146 GUARDA-VIDAS
CUIDADOS
- -Dê preferência aos locais com serviço de guarda-vidas
- -Em água doce ou salgada, procure áreas rasas e sem correnteza
- -Em caso de arrasto por corrente, nade para o lado em vez de para o raso. Tente acenar e pedir socorro
- -Não tente salvar vítimas de afogamento sem estar habilitado. Lance algum objeto que ajude a pessoa a flutuar e acione guarda-vidas ou a emergência.
- -Opte pelo uso do colete salva-vidas ao invés de objetos flutuantes
- -Nunca nade após ingerir bebidas alcoólicas, alimentos ou se estiver passando mal ou com frio
- – Evite aproximar-se de costões. Ao caminhar sobre as pedras destes ambientes, observe antes se uma onda não poderá atingi-lo e jogá-lo no mar
- -Em locais monitorados, banhe-se num raio de 200 m do posto de guarda-vidas
- -Observe a sinalização da praia e as bandeiras nos postos salva-vidas:
Vermelha (risco elevado)
Amarela (risco médio)
Verde (risco baixo) - -Bandeiras vermelhas na faixa de areia indicam correntes de retorno. Evite estes pontos.
Fonte: Bombeiros Militares/SC
Fonte: nsc/Por Roelton Maciel | Foto capa: Cristino Estrela
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