É a primeira queda da moeda desde novembro
O dólar fechou em queda de 1,40% nesta quarta-feira, 22, cotado a R$ 5,94, o menor valor desde 27 de novembro, enquanto o mercado global acompanha os primeiros movimentos do governo Donald Trump nos Estados Unidos.
O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, também recuou 0,30%, encerrando o dia aos 122.972 pontos.
Apesar das declarações do presidente americano sobre tarifas comerciais, a ausência de medidas concretas beneficiou o real e outras moedas, reduzindo o impacto no dólar.
Trump afirmou que pretende impor tarifas de 10% à China e à União Europeia e considera taxas de até 25% contra México e Canadá, mas ainda não oficializou as medidas.
Dólar e Ibovespa acumulam variações
Com a queda desta quarta-feira, o dólar acumulou uma desvalorização de 1,98% na semana e de 3,79% no mês e no ano. Na terça-feira, 21, a moeda havia recuado 0,18%, cotada a R$ 6,0302.
O Ibovespa, que caiu 0,30% no pregão de hoje, apresenta alta de 0,51% na semana e ganhos de 2,24% no mês e no ano.
Na sessão anterior, o índice havia registrado avanço de 0,39%, refletindo a volatilidade do mercado diante das primeiras declarações de Trump.
Declarações de Trump e impactos no mercado
Durante um evento na Casa Branca, Trump reforçou a intenção de adotar tarifas protecionistas, com uma alíquota inicial de 10% sobre produtos importados da China a partir de 1º de fevereiro.
Ele também ameaçou a União Europeia, México e Canadá com novas taxas.
O republicano justificou a possível imposição de tarifas ao México e ao Canadá citando preocupações com o fluxo de drogas provenientes desses países.
Essas medidas geraram incertezas sobre os impactos no comércio global e foram monitoradas de perto pelos investidores.
Tarifas como essas são consideradas inflacionárias, pois podem elevar os preços nos Estados Unidos. Em cenários de inflação alta, o Federal Reserve (Fed), banco central americano, tende a manter os juros elevados para conter o consumo.
Juros altos nos EUA tornam o dólar mais atrativo, o que poderia impulsionar a moeda no futuro.
Leonel Mattos, analista de mercado da StoneX, destacou ao G1 que o mercado reagiu ao estilo de comunicação de Trump.
“Ele ameaça primeiro e avalia depois se realmente implementará as tarifas. Essa abordagem tem levado a um enfraquecimento global do dólar, contrariando expectativas de uma postura agressiva já no início do mandato”, explicou.
Relação de Trump com o Brasil
As declarações de Trump sobre a América Latina também repercutiram no Brasil. O presidente americano afirmou que a relação com a região é “excelente”, mas destacou que os países latino-americanos, incluindo o Brasil, dependem mais dos Estados Unidos do que o contrário.
“Eles precisam de nós muito mais do que nós precisamos deles. Não precisamos deles. Eles precisam de nós”, declarou Trump.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desejou uma gestão proveitosa ao republicano e reforçou que o Brasil busca diálogo e não confrontos.
“Não queremos briga. Nem com a Venezuela, nem com os americanos, nem com a China, nem com a Índia, nem com a Rússia.
O Trump foi eleito para governar os EUA e eu torço para que ele faça uma gestão que beneficie o povo americano e as relações históricas com o Brasil”, afirmou Lula.
Cenário doméstico e outros fatores
No Brasil, o mercado também acompanhou discussões no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, e os desdobramentos fiscais do governo.
O Banco Central informou que o país registrou um fluxo cambial total negativo de US$ 3,804 bilhões em janeiro até o dia 17, com saídas tanto pela via financeira quanto pela via comercial.
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Outra expectativa é a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), na próxima sexta-feira, 24.
Considerado uma prévia da inflação oficial, o indicador deve fornecer pistas sobre o futuro da taxa básica de juros, a Selic, que impacta diretamente a economia brasileira.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou a necessidade de fortalecer o arcabouço fiscal e avançar na reforma do Imposto de Renda. O Orçamento do país, no entanto, ainda não foi aprovado, o que mantém o cenário fiscal em alerta.
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