Primeira fase do acordo inclui liberação de reféns e prisioneiros
O acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas, foi confirmado nesta quarta-feira, 15, em Doha, pelo primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdulrahman Al Thani.
O acordo entra em vigor no próximo domingo, 19, e promete um alívio temporário para os palestinos após 15 meses de intensos combates.
O cessar-fogo foi mediado pelo Catar e prevê a libertação de 33 reféns israelenses e um processo gradual de retirada das forças israelenses da Faixa de Gaza.
O que está em jogo no cessar-fogo: fases e promessas
O acordo, que será implementado em três fases, está sendo considerado um marco nas negociações. A primeira fase, que durará 42 dias, estabelece a libertação de 33 reféns israelenses em troca de prisioneiros palestinos.
As autoridades locais confirmaram à Reuters que a segunda fase começará no 16º dia e incluirá a saída dos outros reféns.
A terceira fase abrange a devolução dos corpos das vítimas e o início da reconstrução da Faixa de Gaza, sob monitoramento de organizações internacionais como o Catar, o Egito e a ONU.
Comemorações nas ruas de Gaza
Após o anúncio do cessar-fogo, milhares de palestinos celebraram nas ruas de Gaza, cidade devastada pela guerra, onde a crise humanitária é uma realidade cotidiana.
A falta de alimentos, água e combustível torna o cenário ainda mais grave para a população, que espera que o acordo possibilite o retorno das famílias ao norte da Faixa de Gaza, região mais afetada pelos conflitos.
Ghada, uma mãe palestina de cinco filhos que vive em situação de desabrigada, declarou que está “feliz, sim, estou chorando, mas são lágrimas de alegria”.
Já as famílias dos reféns israelenses, como o grupo das 98 famílias, também receberam a notícia com grande alívio, esperando a volta de seus entes queridos.
O papel do Catar na mediação e os desafios do acordo
O acordo de cessar-fogo foi possível graças à atuação do Catar como mediador, com apoio de outros países, como os Estados Unidos e o Egito.
Os mediadores conseguiram avançar após meses de negociações intensas, mesmo com dificuldades para definir os termos do tratado.
A primeira fase, que já tem o aval das partes envolvidas, promete ser um primeiro passo importante para o fim das hostilidades.
A pressão internacional e os reflexos para a paz futura
Com a posse iminente do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, as negociações ficaram mais intensas. A pressão internacional também foi decisiva para a concretização da trégua.
O presidente egípcio, Abdel Fattah El-Sisi, e o presidente americano, Joe Biden, solicitaram “flexibilidade necessária” para alcançar uma solução duradoura.
Entretanto, enquanto a guerra no território palestino provocou mais de 46.000 mortes, o cenário continua tenso, com divergências sobre a retirada total das tropas israelenses e a participação do Hamas no governo de Gaza.
Israel rejeitou a ideia de retirar suas forças enquanto os reféns não forem libertados e, segundo fontes, a criação de uma zona de contenção pode ocorrer durante a primeira fase.
O que o acordo significa para a paz no Oriente Médio?
O primeiro-ministro palestino, Mohammed Mustafa, destacou que a pressão internacional foi fundamental para garantir a assinatura do acordo de cessar-fogo, mas alertou que o acordo por si só não garante a paz.
Mustafa afirmou que a criação de um Estado palestino deve ser o próximo passo após o cessar-fogo, o que representa um ponto de discórdia com Israel, que é fortemente contra a criação do novo Estado.
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Os desafios para um acordo definitivo permanecem, com divergências sobre questões centrais, como a assistência humanitária, os postos fronteiriços em Gaza e a reconstrução do território.
O papel da ONU também é um ponto de debate, com alguns países, como a Noruega, sugerindo a instalação de uma força de segurança internacional na região.
A possibilidade de reconstrução em Gaza e a perspectiva de paz
Com o acordo, espera-se que as forças israelenses se retirem gradualmente de Gaza, o que permitirá, por um lado, a reconstrução da cidade devastada e, por outro, a reintegração de milhares de civis palestinos à sua terra natal.
As negociações continuarão, mas, por ora, a trégua traz um respiro para uma população marcada pela guerra e pelo sofrimento.
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