A projeção do BC indica que a taxa pode atingir 14,25% ao ano em março de 2025.
O Banco Central divulgou nesta terça-feira (17) a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em que decidiu elevar a taxa básica de juros, a Selic, de 11,25% para 12,25% ao ano.
O documento detalha as razões para o aumento e antecipa novas elevações, reforçando a intenção de levar a inflação de volta à meta. A projeção do BC indica que a taxa pode atingir 14,25% ao ano em março de 2025, caso o cenário atual se mantenha.
De acordo com o Copom, mais duas elevações de 1 ponto percentual estão previstas para as reuniões de janeiro e março, mas o fim do ciclo de altas ainda não está garantido.
A continuidade dos aumentos dependerá da evolução de indicadores econômicos, como a dinâmica inflacionária, as expectativas de preços, o nível de atividade econômica e o equilíbrio fiscal.
A autoridade monetária destacou que o cenário inflacionário se deteriorou, com uma combinação de fatores que dificultam o controle dos preços.
O Copom citou o crescimento da atividade econômica, impulsionado pela alta no Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre e pelo mercado de trabalho aquecido, que registra menor desemprego e aumento no número de trabalhadores ocupados.
Segundo o BC, esses fatores têm sustentado o consumo e a demanda agregada, mesmo diante de uma política monetária contracionista.
A alta no preço dos alimentos, especialmente das carnes, também preocupa e é vista como um fator que pode ter impacto duradouro sobre a inflação. Além disso, o setor de serviços segue com reajustes de preços em patamares considerados elevados, menos sensíveis à política de juros.
Na avaliação do Comitê, o cenário global acrescenta novos desafios, como incertezas sobre a política monetária nos Estados Unidos e a possibilidade de estímulos fiscais que poderiam pressionar ainda mais os preços internacionais.
O Copom também expressou preocupação com a política fiscal do governo, observando que a falta de previsibilidade e disciplina pode impactar negativamente a economia.
A recente apresentação de medidas para corte de gastos, embora bem recebida, ainda não foi suficiente para acalmar as projeções do mercado financeiro, que ajustou para cima as expectativas de inflação e as cotações do dólar.
O Banco Central defendeu, mais uma vez, a necessidade de alinhamento entre as políticas fiscal e monetária.
Na visão dos diretores, a ausência de reformas estruturais e o aumento de incertezas sobre a trajetória da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia, dificultando os esforços de controle da inflação.
Além do cenário doméstico, o BC apontou riscos externos significativos, como a possível mudança na condução da política econômica nos Estados Unidos, caso Donald Trump retorne à presidência.
O temor envolve estímulos fiscais, restrições no mercado de trabalho e tarifas sobre importações, fatores que poderiam pressionar ainda mais a inflação global e impactar o câmbio no Brasil.
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O relatório Focus, também divulgado nesta semana, acompanhou o tom cauteloso do Banco Central. Analistas do mercado revisaram para cima as projeções da Selic, estimando que a taxa encerrará 2025 em 14% ao ano, com gradual redução nos anos seguintes, chegando a 10% em 2027.
A última reunião do Copom sob o comando de Roberto Campos Neto marcou o fim de sua gestão à frente do Banco Central.
A partir de janeiro, Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Lula, assume a presidência da instituição. Com ele, a composição do Comitê será formada majoritariamente por indicados do atual governo, exceto por dois remanescentes nomeados na gestão anterior, Diogo Guillen e Renato Gomes.
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