A pesquisa acompanhou 135 mil adultos com mais de 60 anos ao longo de 12 anos.
Um recente estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Madri, na Espanha, revelou que o consumo de bebidas alcoólicas, mesmo em pequenas quantidades, pode aumentar o risco de morte prematura.
Publicado na plataforma científica JAMA Network Open, na última segunda-feira (12), o estudo lança uma nova luz sobre os limites de segurança do consumo de álcool, um tema amplamente debatido na comunidade científica.
Por muitos anos, acreditou-se que o consumo moderado de álcool, especialmente de vinho, poderia trazer benefícios à saúde. No entanto, pesquisas mais recentes, como a realizada pelos cientistas espanhóis, estão desafiando essa visão, sugerindo que não existe um nível seguro para a ingestão de álcool.
A pesquisa, que acompanhou 135 mil adultos com mais de 60 anos ao longo de 12 anos, dividiu os participantes em grupos baseados na quantidade média de álcool consumida.
Os resultados mostraram que mesmo aqueles que bebiam pequenas quantidades de álcool – até 20 gramas por dia, equivalente a uma taça de vinho cheia ou meio litro de cerveja – apresentaram uma taxa de mortalidade elevada.
Os voluntários que consumiam álcool ocasionalmente, com uma ingestão diária inferior a 3 gramas, demonstraram melhores índices de saúde em comparação aos que bebiam com maior frequência.
Os grupos foram categorizados como bebedores ocasionais, de baixo consumo (até 20 gramas por dia), de consumo moderado (até 40 gramas por dia), e de alto consumo (mais de 40 gramas por dia).
Aqueles com consumo leve apresentaram um risco de morte próximo ao dos bebedores moderados, sugerindo que até mesmo quantidades pequenas de álcool podem ser prejudiciais. O grupo que consumia altas quantidades de álcool teve o maior risco de morte prematura.
Um aspecto interessante do estudo foi a análise específica do consumo de vinho. Inicialmente, os dados indicaram que os consumidores de vinho em pequenas quantidades pareciam ter uma mortalidade ligeiramente menor em comparação aos outros grupos.
No entanto, os pesquisadores observaram que esse benefício aparente estava principalmente associado a indivíduos com maior poder aquisitivo, que também possuíam acesso a melhores condições de saúde, sugerindo que esses fatores, e não o vinho em si, poderiam estar influenciando os resultados.
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A principal autora do estudo, a médica e professora Rosario Ortolá, destacou em entrevista ao New York Times que os dados não sustentam uma associação benéfica entre o baixo consumo de álcool e a longevidade.
Ela reforçou que “a bebida provavelmente aumenta o risco de câncer desde a primeira gota”, alinhando-se à posição da Organização Mundial da Saúde (OMS), que desde 2023 afirma que não há quantidade segura de consumo de álcool.
A OMS alerta que o consumo de álcool eleva o risco de vários tipos de câncer, incluindo os de mama, fígado, cabeça e pescoço, esôfago e colorretal.
O estudo contribui para a crescente evidência científica de que o consumo de álcool, em qualquer quantidade, pode ser prejudicial à saúde e aumentar o risco de morte prematura, sublinhando a necessidade de uma reavaliação dos hábitos de consumo na sociedade.
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