No ano passado Ana Lúcia da Silva, mãe de três filhos, recebeu o diagnóstico de autismo do caçula, de 3 anos. O mais velho, de 13 anos, também está dentro do espectro. “A gente recebe o laudo médico e uma série de recomendações. Mas quando vamos buscar o atendimento, ele não existe no sistema público ou existe de forma muito precária”, diz a costureira, dona de casa e ativista.
Ana teve a ideia de procurar outras mães para que pudessem trocar informações. Assim, há oito meses nasceu o grupo Mães de Autista de Indaial.
Elas se reúnem em rodas de conversas e trazem especialistas para tirar dúvidas.
“Criamos uma rede de acolhimento para as mães, um espaço seguro de troca e amor nessa jornada”, afirma Ana.
Entre os desafios está o de cobrar o cumprimento de leis. Por exemplo, as escolas são obrigadas a ter um professor auxiliar nas salas onde existem crianças autistas, mas muitos estabelecimentos de ensino descumprem a norma. Outra grande batalha é a luta contra o preconceito.
“Conhecemos mães que não levavam os filhos no parquinho, por exemplo, por medo da reação das outras pessoas caso a criança tivesse uma crise. Nos nossos encontros, elas ficam à vontade, sem medo de julgamentos”, conta.
A artesã Luana Ferreira tem um afilhado autista que mora em São Paulo e decidiu se juntar à luta. “A gente não precisa conviver diretamente com uma criança autista para se sensibilizar e apoiar a causa. Todo mundo conhece alguém que é autista, que tem filho autista ou que os filhos convivem na escola”, defende Luana.
O Dia Mundial de Conscientização do Autismo é celebrado em 2 de abril. No dia 6, o grupo de mães, que já reúne cerca de 150 pessoas, vai promover um ato no centro de Indaial (na Rua Lauro Muller, em frente ao Casarão da Imobiliária Rumo) a partir das 8h.
“Queremos convidar a todos a participar desse momento onde a principal mensagem é que enquanto existir amor, não haverá diferenças”, convida Ana.
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Sobre o autismo
O autismo é um transtorno do desenvolvimento neurológico que tem como principais sinais de alerta:
- Linguagem: ignorar ou apresentar pouca resposta aos sons de fala; pode tender ao silêncio e/ou gritos aleatórios; pode ter choro indistinto nas diferentes ocasiões; pode tender a ecolalia (repetir palavras que acabara de ouvir ou falas/vinhetas que ouviram na televisão sem sentido contextual).
- Interação social: pode prestar mais atenção em objetos; pode não seguir o olhar dos outros; falta de reciprocidade social; dificuldade para desenvolver e manter relacionamentos de amizade.
Confira a entrevista completa abaixo:
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