A asma, doença crônica que aflige milhões em todo o mundo, pode estar prestes a receber uma nova abordagem terapêutica.
Pesquisadores do renomado Laboratório de Toxinologia Aplicada (Leta), vinculado ao Instituto Butantan, revelaram resultados promissores em um estudo que investigou os efeitos de uma substância derivada do veneno do peixe Niquim no tratamento da asma.
A pesquisa, liderada pela respeitada cientista Mônica Lopes-Ferreira, concentrou-se em um peptídeo patenteado conhecido como TnP, isolado do veneno do peixe Niquim, encontrado em águas tanto doces quanto salgadas do Nordeste brasileiro.
A asma, caracterizada por dificuldades respiratórias, inflamação e hiperresponsividade das vias aéreas, atualmente é administrada através de sintomáticos e melhorias na função pulmonar.
O estudo inovador comparou três grupos de animais com asma: um grupo tratado com o peptídeo TnP, outro com dexametasona – um medicamento convencional utilizado para tratar a doença – e um terceiro grupo não submetido a qualquer tratamento.
Os resultados revelaram que a administração de TnP reduziu em mais de 75% o número de células inflamatórias, apresentando eficácia comparável à dexametasona.
Um aspecto particularmente notável da pesquisa é a ausência de efeitos colaterais associados à administração do peptídeo TnP.
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Opção mais segura no tratamento da asma
Ao contrário das terapias convencionais, que podem causar efeitos como taquicardia, agitação, dor de cabeça e tremores musculares, a substância derivada do veneno do peixe parece evitar tais reações adversas, tornando-se uma opção potencialmente mais segura para os pacientes asmáticos.
A Dra. Mônica Lopes-Ferreira, líder do estudo, ressaltou a origem curiosa dessa descoberta:
“Nós submetemos o veneno do peixe a uma cromatografia para identificar peptídeos e testamos várias moléculas. Essas toxinas provocam dor, edema, necrose. Até que chegamos a uma fração de peptídeos que não causava nenhuma ação danosa e isso nos chamou atenção. Esse tipo de descoberta é o outro lado da moeda”, explicou.
Uma etapa crucial do trabalho foi a decifração da estrutura do peptídeo TnP, o que permitiu sua reprodução em laboratório, eliminando a necessidade de extrair o veneno do peixe.
Esse avanço técnico abre portas para a produção controlada e escalável dessa promissora substância, simplificando sua eventual aplicação clínica.
Os resultados do estudo, agora divulgados na revista científica Cells, oferecem um vislumbre empolgante para o futuro tratamento da asma.
Embora mais pesquisas sejam necessárias, o potencial terapêutico do peptídeo TnP, originado do veneno do peixe Niquim, representa uma abordagem inovadora e auspiciosa no enfrentamento dessa doença respiratória debilitante.
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