O valor do produto depende de vários fatores, explica a FAESC
O preço do leite está custando até R$11 em Santa Catarina. O valor assustou os consumidores que realizam a compra através de aplicativos de delivery. Contudo, o aumento vem sendo constante.
A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC) destacou alguns dos fatores que provocaram o aumento do preço. Seca, inflação, escassez de insumos e custo da nutrição dos animais.
Entretanto, o preço encontrado em aplicativos é muito maior do que o praticado em supermercados. Em Florianópolis, por exemplo, o preço médio do leite em duas grandes redes é de R$ 6,09, já no aplicativo, o consumidor encontra o produto com valores que partem de R$ 5,74, mas chega a ultrapassar os R$ 11.
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Em Timbó, a média do litro de leite está na base dos R$ 6,00.
O presidente do Sindileite catarinense Selvino Giesel explica que o valor da venda do produto para o varejista tem variação, conforme a política de cada empresa.
“É muito variado, cada empresa tem a sua política, depende da distância, volume negociado, condição de prazo de pagamento, parceria da empresa com o mercado, enfim vários fatores podem influenciar”. “Acredito que isso seja uma política do comércio que está praticando esse preço”, explica Giesel.
Leite nas alturas
Desse modo, como o preço do leite não é tabelado, os valores são diversos. O Secretário Municipal de Defesa do Cidadão de Florianópolis, Miltinho Barcelos, explica.
“Não existe um regramento específico ou legislação que estabeleça a questão de valores das vendas em comércio ou delivery”. Assim, o comerciante pode praticar um preço diferente na internet e na loja física.
O secretário relata que para o preço ser considerado abusivo, o produto precisa ser tabelado.
“O Código de Defesa do Consumidor deixa bem claro que é considerado abuso quando é um produto tabelado. Um exemplo é o cigarro, ele tem um preço definido, se for vendido fora daquele preço, ele está sendo considerado automaticamente um preço abusivo”, aponta o secretário.
Porém, para Miltinho existem diversos fatores que o varejista pode alegar para vender o leite a preços acima da média que o consumidor esteja acostumado.
Veja a nota da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC)
“A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC) vem manifestar-se publicamente em face do novo patamar de preços que o leite e os demais produtos lácteos alcançaram, ultimamente, no mercado interno.
Contra a vontade dos produtores rurais e das indústrias de laticínios, vários fatores adversos, ao longo dos últimos meses, concorreram para essa situação indesejável de aumento dos preços finais.
De um lado, a seca prejudicou as pastagens e diminuiu a oferta de alimentação para as vacas. De outro lado, a inflação e a escassez de insumos elevaram brutalmente os cursos de produção.
Nesse momento, a cadeia produtiva do leite está impactada pelo aumento generalizado de custos diretos, como energia elétrica, gás, combustíveis, fertilizantes, embalagens, matérias-primas, mão de obra e outros insumos.
custo da nutrição dos animais, por exemplo, explodiu em face da escassez de milho e farelo de soja no mercado, caracterizando o pior choque de oferta desde 1990.
O somatório de todos esses percalços – e a constatação de que a atividade não é rentável – levaram ao intenso abandono da atividade leiteira por produtores rurais.
Na década de 1990 existiam em território catarinense 75.000 produtores de leite.
Agora, em 2022, são apenas 24.000. Somente durante o período de pandemia mais de 9.000 produtores abandonaram o setor, inviabilizados pelos prejuízos acumulados.
Contudo, o produtor determina o padrão de qualidade de seus produtos, porque isso depende diretamente de fatores que estão sob seu controle.
Entretanto, não define o preço final ao consumidor porque sobre ele agem variáveis imprevisíveis e incontroláveis como custos, clima, mercado etc.
É evidente que nem o produtor, nem a indústria causaram essa situação de preços elevados para o consumidor final. É hora de Governo e Sociedade planejarem uma política para o leite, inspirada nos princípios da segurança alimentar”.
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