Microcristal ultrapuro de pirita, conhecida como ouro de tolo por sua aparência com o ouro de verdade
Pirita magnética
O mineral pirita (FeS2) sempre foi conhecido como “ouro de tolo” porque é amarelo brilhante e pode enganar facilmente os menos experientes – ela é de fato usada para fazer semi-joias, mas não vai deixar ninguém rico, porque é muito mais barata do que o ouro.
Mas talvez agora ela comece a ganhar um novo valor no campo tecnológico.
Uma equipe da Universidade de Minnesota, nos EUA – incluindo o brasileiro Rafael Fernandes – descobriu uma forma de usar eletricidade para transformar a pirita em um material magnético – ela não é magnética em seu estado natural.
É a primeira vez que os cientistas conseguem transformar eletricamente um material totalmente não magnético em um material magnético, o que pode ser o primeiro passo na criação de novos materiais para a fabricação de componentes de memória de computador com maior eficiência energética.
A técnica usada foi chamada de “modulação do eletrólito”. Os pesquisadores pegaram a pirita, que é um sulfeto de ferro, e a mergulharam em uma solução iônica, ou eletrólito – parece chique, mas é algo parecido com o isotônico que as pessoas gostam de beber ao praticar exercícios.
A aplicação de apenas 1 volt à solução fez com que as moléculas carregadas positivamente se movessem para a interface entre o eletrólito e o sulfeto de ferro, gerando o magnetismo. Basta desligar a tensão para fazer o material retornar ao seu estado não magnético, o que significa que se pode ativar e desativar o magnetismo de forma reversível.
“Ficamos surpresos que tenha funcionado. Aplicando a tensão, essencialmente despejamos elétrons no material. Acontece que, se você obtiver concentrações suficientemente altas de elétrons, o material desejará espontaneamente se tornar ferromagnético, o que pudemos entender com a teoria. Isso tem muito potencial. Tendo feito isso com o sulfeto de ferro, achamos que podemos fazê-lo com outros materiais também,” disse o professor Chris Leighton.
Magnetoiônica
A equipe está trabalhando no uso do sulfeto de ferro em células solares e em um campo emergente, chamado magnetoiônica.
“Meu grupo também está trabalhando no campo emergente da magnetoiônica, onde tentamos usar tensões elétricas para controlar propriedades magnéticas de materiais para possíveis aplicações em dispositivos de armazenamento de dados magnéticos. Em algum momento, percebemos que deveríamos combinar essas duas direções de pesquisa, e valeu a pena,” disse Leighton.
Fonte: Redação do Site Inovação Tecnológica
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