PM esteve no local para verificar denúncia de barulho e aglomeração em uma confraternização
A atuação dos policiais militares filmados agredindo pessoas em uma confraternização em Guabiruba, no Médio Vale do Itajaí, será investigada em um Inquérito Policial Militar. A informação é do tenente-coronel Otávio Manoel Ferreira Filho, comandante do 18º Batalhão da Polícia Militar de Brusque, ao qual pertence o grupamento de Guabiruba. Um vídeo que circula nas redes sociais mostra dois policiais militares agredindo pessoas que estariam reunidas em uma chácara na noite de sábado, 1º de agosto.
Segundo a PM, a abordagem ocorreu no bairro Holstein, após uma denúncia de perturbação por barulho. No vídeo é possível ver sete homens, que estão com braços cruzados e cabeça baixa, em um local que parece ser a área externa de uma casa.
Logo no início é possível ouvir que alguém fala “covardia”. Na sequência se escuta “Que que foi? Quem falou que é covardia?”, e o primeiro policial aparece no vídeo. Ele segue questionando quem teria dito a palavra e em seguida aplica um soco na barriga de um dos homens.
Um segundo policial armado aparece no vídeo e ambos seguem questionando os abordados. Ele se dirige a um homem, que não está enquadrado no vídeo, pergunta “Foi tu?” e o golpeia com a arma. “Fala guerreiro!”, continua o PM.
No final do vídeo, que tem cerca de um minuto, é possível ouvir uma pessoa chorando e outra tentando ampará-la.
Assista o vídeo completo:
Perturbação, aglomeração e agressões
O comandante do 18º BPM informa que a PM foi ao local para verificar uma denúncia por conta de barulho. “Aquela chácara já é conhecida por ter muitas festas dessa natureza, principalmente durante a pandemia. A PM foi acionada pelos vizinhos para verificar uma ocorrência de perturbação do sossego alheio”.
O comandante diz que, em conversa preliminar com os três policiais envolvidos, eles afirmaram que havia cerca de 25 pessoas na chácara quando a guarnição chegou. Durante a ocorrência foi encontrada uma pequena quantidade de maconha no local.
Ferreira afirma que os policiais estavam cumprindo sua função de averiguar as infrações e que “não se pode esquecer do contexto”. “Primeiro, eu gosto de frisar e reforçar que a PM foi chamada para verificar a ocorrência de uma festa proibida por decreto e que não poderia estar ocorrendo. Foi observado um suposto excesso de energia do policial, mas a PM não teria ido ali se não estivesse ocorrendo uma festa proibida, com uso de entorpecentes e perturbação do sossego alheio”, destaca.
A ação dos policiais será alvo de um inquérito solicitado pelo promotor Wilson Paulo Mendonça Neto, titular da 5ª Promotoria de Justiça da Capital, que atua na área criminal. O comandante Ferreira afirma que já foi informado da abertura do procedimento.
“Como há um aparente abuso da autoridade no atendimento da ocorrência, a lógica é que se abra o procedimento. Como pode caracterizar um crime, o Ministério Público Militar mandou uma orientação ou uma determinação, ainda não vi o documento, para que se abra o procedimento”, afirmou o comandante.
Mesmo assim, ele afirma que os policiais vão continuar prestando serviço normalmente. “Não vejo motivo para o afastamento, como comandante do batalhão. Guabiruba tem um efetivo mínimo e a informação que eu tenho do sargento que comanda o grupo em Guabiruba é de que os três são policiais que prestam um serviço muito bom, sem histórico de problemas, pelo contrário. Então não vejo motivo para o afastamento, a não ser que seja determinado pelo comando-geral”.
Ainda segundo o comandante, a ocorrência em Guabiruba terminou com o registro de um termo circunstanciado por posse de entorpecente de autor não identificado – já que ninguém no local teria assumido a propriedade da droga que estaria numa mesa -, perturbação do sossego alheio e aglomeração de pessoas.
Fonte: ND Mais
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