Em 31 dias foram apreendidos 1,5 toneladas de droga.
O mês de janeiro termina com um recorde de apreensões de cocaína nos portos de Santa Catarina: em 31 dias, 1,5 tonelada da droga foi recolhida pela Receita Federal e a Polícia Federal em duas operações, nos portos de Itajaí e Itapoá. É a primeira vez que um volume tão grande é apreendido no primeiro mês do ano.
A quantidade representativa vem após um ano que foi, igualmente, de volumes recordes nos portos do Estado. Em todo o ano de 2019, as apreensões somaram mais de 4 toneladas.
A tendência de aumento é nacional. Um levantamento da Polícia Federal indica que mais de 66 toneladas de cocaína foram recolhidas nos 12 maiores portos do país no ano passado. É mais que o dobro do que em 2018. O principal destino são portos europeus, com Antuérpia, na Bélgica, e Roterdã, na Holanda.
Há duas hipóteses para os recordes de apreensões. Por um lado, o refinamento dos sistemas de controle de cargas da Receita Federal, por meio dos canais de verificação. Os fiscais estão em constante aperfeiçoamento dos parâmetros, para identificar cargas suspeitas. Por outro, um possível aumento no volume de drogas enviadas ao exterior pelos portos brasileiros.
Um levantamento feito pela Polícia Federal, e divulgado pelo site Uol no início do ano, indicou forte atuação de uma facção criminosa, nascida em São Paulo, no tráfico internacional por meio dos portos brasileiros. A PF indica que o Porto de Santos, onde ocorre o maior volume de apreensões no país – foram 27 toneladas no ano passado – é o mais utilizado pela quadrilha, que teria ligações com a principal máfia italiana, a ‘Ndrangheta.
Mas o interesse da facção em usar os portos da região Sul teria aumentado devido à proximidade do Paraguai, uma das principais rotas de entrada da cocaína adquirida pela facção e local onde o grupo tem controle do tráfico na fronteira. O Complexo Portuário do Itajaí-Açu e o Porto de Paranaguá seriam a principal escolha. A Polícia Federal em Santa Catarina não comentou os dados do levantamento nacional.
Os portos de Santa Catarina experimentaram um sobe-desce no volume de apreensões de cocaína nos últimos anos. Foram pouco mais de 3 toneladas em 2016, e uma queda brusca em 2017, com 317 quilos. A explicação, na época, foi o efeito-fiscalização. As operações Oceano Branco e Contentor, deflagradas simultaneamente Estado, conseguiram atingir em cheio os principais grupos responsáveis pelo envio de drogas ao exterior em SC, por meio dos portos. E, pelo menos por um período, foram capazes de conter a escalada do tráfico internacional.
A retomada, em 2019, apontou que outras quadrilhas assumiram o posto. O desafio, para a polícia e a Receita Federal, é se antecipar aos criminosos.
Historicamente, o tráfico marítimo se concentra, no Estado, nos portos de Itajaí e Navegantes. E a explicação está no volume de cargas: para a polícia, criminosos buscam portos movimentados para tentar burlar a fiscalização. O Complexo Portuário responde pela segunda maior movimentação de contêineres do país.
Modo de operação
O desafio para a fiscalização é adiantar-se aos criminosos. Recentemente, o modelo de envio de cocaína ao exterior nos portos catarinenses tem variado. O mais comum eram as cargas escondidas – já houve carregamentos apreendidos dentro de blocos de granito e de latas de abacaxi, por exemplo. Nesses casos, a carga é preparada para receber a droga.
Em outras situações, o lacre do contêiner é rompido, e os criminosos inserem bolsas recheadas com a droga. No ano passado, pela primeira vez, a polícia flagrou em Navegantes homens mascarados que entraram no porto a bordo de um caminhão, e tentavam embarcar a droga em um contêiner.
Há ainda a modalidade conhecida como “pescaria”, em que pequenas embarcações, carregadas de droga, se aproximam do navio. O carregamento de cocaína é içado a bordo.
Em todos os casos, a Polícia Federal aponta, na investigação nacional, para um esquema de corrupção que pode incluir de tripulantes dos navios a funcionários dos portos, dependendo do esquema de embarque da droga.
Fonte: NSC
Foto: PF
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