Com 430 quilômetros de extensão, a SC-108 é a rodovia estadual com mais mortes no Estado. Foram 17 apenas neste ano, quase 20% dos 86 óbitos registrados pela Polícia Militar Rodoviária (PMRv) até 12 de junho. Apesar de a rodovia começar em Joinville, no Norte do Estado, e terminar apenas no município de Praia Grande, no Sul, divisa com o Rio Grande do Sul, o trecho mais letal em 2019 é o que passa por Blumenau.
Após dois acidentes com morte no último fim de semana, o número de vítimas fatais da SC-108 no município chegou a cinco neste ano. Além do motociclista e do pedestre mortos no último domingo, a estatística em Blumenau também inclui um motociclista que morreu em maio, um ciclista em abril e a passageira de uma moto em fevereiro.
A SC-108 em Blumenau tem 24 quilômetros, iniciando no trevo de acesso para a SC-414, com direção ao município de Luiz Alves, e encerrando no acesso à BR-470 pelo trevo da Mafisa. Apesar de corresponder a apenas 5% da extensão total da SC-108, o trecho no município teve 29% das mortes registradas neste ano na rodovia.
O número também é alto na comparação com as demais rodovias estaduais, tanto que nenhuma outra SC registrou cinco acidentes com morte em 2019. A única rodovia com mais óbitos que a SC-108 em Blumenau foi a SC-410, na Grande Florianópolis, mas as seis mortes ocorreram em trechos distintos de dois municípios: Tijucas e São João Batista.
Todos os óbitos deste ano ocorreram no trecho de oito quilômetros entre o trevo da Mafisa e as proximidades da Escola Emílio Baumgart, no bairro Itoupava Central. Na Serra da Vila Itoupava, considerado um local com maior risco (e onde morreram três pessoas em 2018), não foram registrados acidentes com morte neste ano.
Para o comandante estadual da Polícia Militar Rodoviária (PMRv), tenente-coronel Evaldo Hoffmann, a característica urbana da SC-108, localizada entre bairros populosos como Vila Itoupava e Itoupava Central, aumenta os riscos de acidente. Um exemplo é a grande quantidade de veículos e pedestres cruzando a pista, situação que não ocorre na maioria dos trechos fora de Blumenau.
— Muitas pessoas moram perto da SC-108, diferente de outras rodovias que são eminentemente rurais. Blumenau tem o trecho mais complicado, porque há uma movimentação bem diferente das outras estradas, inclusive com mercados e casas noturnas à beira da rodovia — afirma.
Hoffmann destaca que a PMRv tem retomado as ações ostensivas com radar móvel para fiscalizar o trânsito, mas atua em local visível e com sinal luminoso na viatura para que o motorista saiba que naquele ponto é necessário reduzir a velocidade. O comandante também considera que criar mais semáforos e rotatórias poderiam minimizar os acidentes de trânsito que ocorrem na rodovia, mas dependem de estudos de engenharia de tráfego e aprovação da Secretaria de Estado da Infraestrutura.
A “nova SC-108” é tida como solução a médio prazo
O prolongamento da Via Expressa, em Blumenau, é a alternativa mais próxima para que o fluxo de veículos da SC-108 seja desviado do perímetro urbano. Com extensão de 15,6 quilômetros, a via irá ligar a BR-470 com a Serra da Vila Itoupava, tornando-se a rota preferencial para veículos pesados e diminuindo o trânsito no bairro da Itoupava Central.
A obra ainda está parada na primeira etapa, entre a Via Expressa e a Rua Guilherme Scharf, no bairro Fidélis. O trecho tem 1,8 quilômetro e foi completamente desapropriado, mas travou na construção de um elevado. A Secretaria de Estado da Infraestrutura alega que o grupo gestor está analisando a quantidade de material necessário para o trabalho e, após a aprovação, será emitida a ordem de serviço para reiniciar a obra.
Após a conclusão desse trecho, iniciado há três anos, haverá um novo desafio: os demais 13,8 quilômetros do prolongamento. As desapropriações do restante da obra não devem começar em 2019, já que não há orçamento previsto. A expectativa é que o valor supere R$ 200 milhões e a via receba 17 mil veículos por dia.
Uma das vítimas desta semana que passou na SC-108 neste ano foi, justamente, o filho de quem trabalha pela segurança de quem trafega na rodovia estadual. Gian Pasta, 31 anos, conduzia uma motocicleta no bairro Itoupava Central, quando foi atingido por uma caminhonete vindo a óbito no local, pois era filho do Comandante da Polícia Rodoviária Militar Estadual que atua no posto de comando da rodovia.
Fonte |Foto: NSC Tv -Beto Espercot
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