Segundo a pesquisa, menos de 30% da população tem acesso a esgoto tratado
Segundo estudo do Instituto Trata Brasil (ITB), 98% dos municípios catarinenses apresentam risco muito alto de interrupção no abastecimento de água em períodos de tempestades.
A pesquisa aponta que Santa Catarina é um dos estados mais vulneráveis a impactos no saneamento básico durante chuvas intensas e alagamentos
A pesquisa, intitulada “As Mudanças Climáticas no Setor de Saneamento”, revela também que menos de um terço da população catarinense tem acesso à coleta e ao tratamento de esgoto.
Essa deficiência aumenta os riscos de contaminação de rios, córregos e lagoas, especialmente em áreas urbanas.
Água imprópria gera surtos de virose na Grande Florianópolis
Em Governador Celso Ramos, na Grande Florianópolis, relatos recentes mostram os efeitos diretos da falta de infraestrutura adequada.
No bairro de Palmas, adolescentes em viagem de formatura ficaram doentes após consumirem água imprópria. Ao todo, 90 hóspedes de um hotel apresentaram sintomas como vômitos e febre.
A vigilância sanitária do município constatou que a água da rede de abastecimento estava fora dos padrões de potabilidade, com níveis de cloro abaixo do necessário.
O diretor da Secretaria Executiva de Saneamento (Samae), Alcides Pereira, explicou que as chuvas intensas em novembro, após meses de seca, aumentaram a presença de microrganismos na água.
O operador da estação não ajustou a dosagem de cloro, agravando a situação.
Ao portal NSC Total, a presidente do ITB, Luana Pretto, reforçou que eventos climáticos extremos, como tempestades e secas prolongadas, dificultam o tratamento da água.
Isso ocorre porque o aumento de sedimentos e resíduos nos mananciais reduz a eficiência dos processos de purificação.
Estudo mostra que efeitos das mudanças climáticas intensificam desafios
Com o aumento da temperatura global, a frequência e a intensidade das tempestades devem crescer, segundo o estudo.
Em regiões onde o saneamento básico é insuficiente, como Santa Catarina, o esgoto não tratado pode infiltrar no solo e contaminar rios e mares. Essa exposição aumenta os riscos de doenças como leptospirose, diarreias e dengue.
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Luana Pretto explica que em locais sem redes coletoras de esgoto, soluções individuais como fossas sépticas podem falhar em períodos de chuvas persistentes. Isso satura o solo, permitindo que o esgoto bruto alcance corpos d’água.
Investimentos no saneamento ainda são desafiadores
A Casan, que atende 65% dos municípios catarinenses, informou que está trabalhando para mitigar os impactos do saneamento insuficiente.
Entre as iniciativas estão programas como o Trato pelo Saneamento, para combater ligações irregulares, e o Esgotamento Sobre Rodas, que atende áreas sem rede coletora.
A empresa estabeleceu metas para aumentar a cobertura de esgoto tratado de 50% até 2026 e 90% até 2033.
Além disso, prevê investimentos em infraestrutura mais robusta, como forma de adaptar o saneamento aos desafios impostos pelas mudanças climáticas.
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