Embora o resultado seja promissor, os cientistas alertam que é necessário acompanhar a evolução do quadro por um período mais longo.
Uma mulher de 25 anos com diabetes tipo 1 passou a produzir insulina de forma independente após receber um transplante de células-tronco reprogramadas.
Este procedimento, realizado há mais de um ano, a tornou a primeira pessoa no mundo com essa condição a ser tratada usando células extraídas de seu próprio corpo.
Segundo o O Globo, o cirurgião James Shapiro, da Universidade de Alberta, no Canadá, destacou que a cirurgia teve um impacto profundo, revertendo completamente a necessidade de insulina da paciente.
O estudo foi publicado na revista científica Cell e segue os resultados de uma pesquisa similar realizada em Xangai, China, onde um homem com diabetes tipo 2 também deixou de precisar de insulina após um transplante de ilhotas produtoras de insulina derivadas de células-tronco.
A pesquisa faz parte de um esforço inovador para tratar o diabetes, em particular o tipo 1, que destrói as células pancreáticas produtoras de insulina. Embora transplantes de ilhotas pancreáticas já sejam uma alternativa, a escassez de doadores e a necessidade de medicamentos imunossupressores são grandes obstáculos.
Ao utilizar células-tronco, cultivadas em laboratório e originadas dos próprios pacientes, espera-se eliminar a necessidade desses medicamentos.
O grupo de pesquisa liderado pelo biólogo celular Deng Hongkui, da Universidade de Pequim, foi pioneiro nesse método. Eles retiraram células de três pessoas com diabetes tipo 1, reprogramando-as para um estado pluripotente, o que permite que se transformem em qualquer célula do corpo.
No caso da paciente, cerca de 1,5 milhão de ilhotas foram injetadas nos músculos abdominais, um procedimento que durou menos de 30 minutos.
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Dois meses após o transplante, a mulher começou a produzir insulina em níveis suficientes para abandonar o tratamento convencional. Com o novo local de implantação, os pesquisadores puderam monitorar as células através de exames de ressonância magnética, um feito não possível quando as células são inseridas no fígado, como ocorre tradicionalmente.
Embora o resultado seja promissor, os cientistas alertam que é necessário acompanhar a evolução do quadro por um período mais longo. Eles buscam verificar se a produção de insulina se manterá nos próximos cinco anos para confirmar a eficácia do tratamento.
Além disso, será necessário avaliar se o sistema imunológico da paciente, que já fazia uso de imunossupressores devido a um transplante anterior, não voltará a atacar as novas células.
O pesquisador Hongkui mencionou que os outros dois participantes do estudo também apresentaram bons resultados, e a expectativa é que mais 20 pacientes sejam incluídos nos próximos testes.
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