No epicentro de um dos conflitos mais complexos do mundo, a Faixa de Gaza tem se tornado palco de uma crise humanitária de proporções alarmantes.
Israel declarou que não haverá exceções humanitárias ao cerco a Gaza até que todos os reféns israelenses sejam libertados.
Enquanto isso, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) pediu permissão para a entrada de combustível em Gaza, buscando evitar que hospitais sobrecarregados enfrentem graves problemas devido à falta de eletricidade.
Essa escassez de eletricidade é ainda mais crítica com a única estação de energia elétrica desligada, colocando em risco hospitais e serviços essenciais.
Ataques recentes entre Israel e o movimento Hamas em Gaza têm levado a uma escalada significativa de violência na região.
Um dos episódios mais notórios desse conflito ocorreu quando um ataque no último sábado, 7, resultou em centenas de mortes de civis israelenses, incluindo judeus.
A emissora pública Kan relatou que o número de mortos israelenses aumentou para mais de 1,3 mil desde o ataque de sábado, sendo a maioria deles civis.
No mesmo dia, Israel retaliou com bombardeios em Gaza
“Estamos em guerra e vamos ganhar”, disse o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, logo após o ataque. “O nosso inimigo pagará um preço que nunca conheceu.”
As autoridades em Gaza relatam que mais de 1,2 mil pessoas foram mortas e mais de 5 mil ficaram feridas devido aos bombardeios israelenses.
A região enfrenta problemas críticos devido à falta de eletricidade, com a única estação de energia elétrica desligada.
Isso coloca em risco hospitais e serviços essenciais, agravando ainda mais a crise humanitária.
O diretor regional do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, o CICV, Fabrizio Carboni, expressou profunda preocupação com a miséria humana causada pela escalada do conflito e pediu que as partes reduzam o sofrimento dos civis.
Ele enfatizou que hospitais estão em risco de se transformar em necrotérios devido à falta de eletricidade.
“A miséria humana causada por essa escalada é abominável, e eu imploro às partes que reduzam o sofrimento dos civis,” disse Carboni em um comunicado.
“À medida que Gaza perde energia, os hospitais perdem energia, colocando em risco os recém-nascidos em incubadoras e os pacientes idosos que precisam de oxigênio.
A diálise renal é interrompida e os raios X não podem ser feitos. Sem eletricidade, os hospitais correm o risco de se transformar em necrotérios.”
Enquanto a comunidade internacional expressa sua crescente preocupação com a crise humanitária em Gaza, o ministro israelense da Energia, Israel Katz, declarou que não haverá exceções ao cerco a Gaza até que os reféns israelenses sejam libertados.
Ele enfatizou que a ajuda humanitária não será permitida até que os reféns retornem a Israel, afirmando:
“Ajuda humanitária para Gaza? Nenhum interruptor elétrico será levantado, nenhum hidrante será aberto e nenhum caminhão de combustível entrará até que os reféns israelenses voltem para casa.
Humanitário por humanitário. E ninguém deve nos dar lições de moral.”
Ataque recente é considerado um dos maiores dos últimos anos
A situação na região se tornou ainda mais complexa quando o grupo islâmico Hamas, considerado terrorista pelos Estados Unidos e a União Europeia, lançou um ataque surpresa contra Israel no sábado, 7, resultando em centenas de mortes.
O ataque do Hamas, que incluiu o disparo de milhares de foguetes de Gaza em direção a Israel, é considerado um dos maiores dos últimos anos.
LEIA TAMBÉM:
Militantes derrubaram barreiras de alta tecnologia que cercavam a Faixa de Gaza e iniciaram ataques por terra, inclusive com reféns. Combatentes do Hamas também entraram em Israel pelo mar.
Conflito Israel-Palestina
O conflito entre Israel e Palestina tem mais de 70 anos e envolve questões políticas e religiosas profundas.
A criação de Israel em 1948 resultou em conflitos e guerras, levando à ocupação de territórios como Gaza e Cisjordânia.
Tentativas internacionais de alcançar acordos de paz na região têm falhado repetidamente.
O Hamas, por sua vez, não reconhece Israel como um Estado e reivindica o território israelense para a Palestina.
O grupo se recusa a dialogar com Israel e foi designado como organização terrorista por várias nações.
O conflito se torna ainda mais intrincado devido ao apoio financeiro, armamentista e de treinamento que o Hamas recebe de países como o Irã, bem como doações de nações do Golfo Árabe e palestinos no exterior.
Como é a guerra para os civis
Uma perspectiva local sobre o conflito é fornecida por Mustafa Mohamad, um morador da cidade de Ramallah, na Cisjordânia.
Mohamad acusou Israel de querer que o “povo palestino deixe sua própria terra” e questionou a culpa do grupo Hamas nas mortes de palestinos civis.
Ele também expressou a crença de que Israel está tentando fazer com que o povo palestino desapareça de suas terras.
“Israel matou 200 palestinos civis somente neste ano. Que culpa o Hamas teve ali?
Israel está querendo fazer com que o povo palestino desapareça de suas terras. Isso não vai acontecer.
Israel pode matar os quatro milhões de palestinos que vivem aqui. Virão mais quatro milhões para defender essa terra.
Se você cerca Gaza e proíbe a população de ir e vir e não se entra nada, um dia isso vai explodir.”
Ele acredita que uma solução simples para alcançar a paz na região seria Israel devolver parte dos territórios que invadiu, em conformidade com as resoluções da ONU, e reconhecer o direito dos palestinos a Jerusalém Oriental.
Ele enfatiza que essa ação poderia ser um passo significativo em direção à paz.
Israel em conflito com o Hezbollah, do Líbano
Na última quarta-feira, 11, bombardeios israelenses atingiram o sul do Líbano, um ataque em resposta aos foguetes lançados pelo grupo armado Hezbollah.
O grupo confirmou o ataque, e disse ter disparado os mísseis em resposta à morte de diversos de seus membros em bombardeios israelenses.
Além disso, o grupo prometeu respostas decisivas aos ataques realizados contra o território libanês, especialmente os com vítimas fatais.
LEIA TAMBÉM:
A professora de Relações Internacionais, Karina Stange Calandrin, oferece uma análise sobre a estratégia do Hezbollah de realizar ataques perto da fronteira entre Israel e o Líbano.
Segundo sua avaliação, o Hezbollah está usando essa tática para desviar a atenção de Israel para o norte, próximo à fronteira libanesa, enquanto o foco principal do conflito está no sul, em Gaza, onde o grupo Hamas está ativo.
Dividir a atenção das forças armadas de Israel cria uma situação em que Israel precisa gerenciar ameaças simultâneas de múltiplos grupos em diferentes áreas geográficas.
Essa análise destaca a complexidade e a dinâmica em evolução dos conflitos na região do Oriente Médio, envolvendo diferentes grupos e atores.
Reféns em Gaza
Jonathan Conricus, porta-voz do exército de Israel, informou na quarta-feira, 11, que há indícios de brasileiros entre as pessoas feitas reféns pelo Hamas e levadas para a Faixa de Gaza.
Ele citou os brasileiros juntamente com diversas nacionalidades:
“Há (entre os reféns) norte-americanos, britânicos, franceses, alemães, italianos, brasileiros, argentinos e ucranianos”, disse Conricus.
De acordo com o governo israelense, cerca de 150 pessoas foram feitas reféns durante a invasão do Hamas no último sábado (7).
Entre as pessoas sequestradas e levadas para Gaza, encontram-se idosos, crianças e mulheres, incluindo a DJ Shani Louk, que estava participando do festival de música Universo Paralello.
Apesar das declarações do porta-voz do exército, os representantes diplomáticos do governo brasileiro não receberam informações confirmadas sobre a presença de brasileiros entre os reféns.
A presença de reféns em Gaza tem dificultado os esforços de Israel para retaliar os ataques do Hamas.
De acordo com a agência de notícias Reuters, o país estaria considerando uma possível ofensiva terrestre no enclave, enquanto o grupo militante ameaçou executar um refém para cada casa atingida por Israel.
O conflito já causou a morte de mais de 2.300 pessoas, entre palestinos e israelenses.
O bloqueio da Faixa de Gaza tem dificultado a entrada de alimentos, água, combustível e medicamentos, agravando a situação humanitária na região.
A situação na região é crítica e exige uma abordagem urgente para reduzir o sofrimento da população civil e buscar uma solução pacífica para o conflito, que já se arrasta por décadas.
A comunidade internacional desempenha um papel fundamental na busca por uma resolução que promova a paz e a segurança na região.
Sugestão de pauta